domingo, 27 de maio de 2012

Territórios da Cidadania: Poder público contribui pouco para o desenvolvimento

José de Paiva

Entreposto de mel de Apodi espera por equipamentos há quase dois anos; mais de 2 mil estão prejudicados
José de Paiva Rebouças
Da Re­da­ção

Pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) junto aos Territórios da Cidadania Açu/Mossoró e Sertão do Apodi constatou que o poder público é quem menos contribui com as discussões de desenvolvimento das regiões.

O levantamento que vem sendo realizado pela Faculdade de Ciências Econômicas (FACEM) desde o ano passado detectou que, no processo de articulação institucional, a participação das três esferas públicas (Governo Federal, Estado e Municípios) é menor que todas as entidades da sociedade civil, ficando à frente apenas de comunidades tradicionais, como índios e quilombolas, que praticamente não existem na região.

A pior situação é dos municípios. Numa escala de 0 a 4, as Prefeituras estão no nível 2. Para piorar, desde 2003, nenhum dos empreendimentos iniciados dentro dos dois territórios está funcionando. Isso inclui projetos tidos como redenção para as regiões, como os entrepostos de mel de Apodi e Severiano Melo, a unidade de beneficiamento do pescado de Caraúbas, a usina de leite de Alto do Rodrigues e até a casa do queijo em Mossoró.

Os investimentos começaram a chegar mesmo a partir de 2005, quando foram derramados quase R$ 7 milhões só nos territórios Açu/Mossoró e Sertão do Apodi. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) disponibilizou mais de R$ 100 milhões para todos os territórios do Rio Grande do Norte.

Para a coordenadora da Cooperativa Potiguar de Apicultura (COOPAPI), Fátima Torres, que desde 2008 espera a conclusão do entreposto de mel de Apodi, foi muito dinheiro gasto para não trazer nenhum retorno para os agricultores.

De acordo com o professor Emanoel Márcio Nunes, coordenador do projeto, a pesquisa mostra que existe um erro de formatação no processo de articulação institucional. Ele observa que as ONGs e entidades sociais que aparecem no topo da pesquisa, como os que mais contribuem com os territórios, não conseguem se relacionar com o poder público.

Para Emanoel, essa é uma questão histórica que separa ideologicamente essas entidades das instâncias de poder, afetando principalmente os governos municipais. Pelo que foi visto na pesquisa, existe um problema de contramão entre poder público e entidades sociais. Quando os Municípios estão com os recursos não dialogam com as organizações, e vice-versa.

“Torna-se urgente, e muito necessário, o desenvolvimento dos territórios, tendo em vista a capacidade econômica existente. Mas, para isso, é necessário vencer um problema simples de articulação”, enfatiza.


PESQUISA

A pesquisa Inovação, Diversidade e Sustentabilidade na Gestão de Territórios Rurais teve como objetivo realizar o monitoramento e avaliação do desenvolvimento do Açu/Mossoró e do Sertão do Apodi.

A iniciativa foi realizada entre os meses de agosto de 2010 e junho de 2011, numa parceria entre o grupo de pesquisa Desenvolvimento Regional: Agricultura e Petróleo da Faculdade de Ciências Econômicas (FACEM/UERN) e a Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA).


Universidade se reúne com prefeituras

Para tentar diminuir a falta de diálogo no processo de articulação, a Universidade vai realizar os encontros de Discussão Sobre Poder Público e Desenvolvimento Territorial. No evento, será discutida a importância do poder público para o desenvolvimento territorial, ao mesmo tempo em que serão divulgados os resultados da pesquisa.

O primeiro será realizado na quarta-feira, 29, às 13h30, no auditório do Instituto Federal Tecnológico do Rio Grande do Norte (IFRN), em Apodi; o segundo, no auditório da Faculdade de Ciências da Saúde (FACS/UERN) em Mossoró.

Jornal de Fato

[existe uma pirotecnia enorme no lançamento de determinados programas apontados como redentores para as populações pobres do semiárido. A história da seca é repleta de soluções mirabolantes e... pífias. Se gasta muito com estudos, consultorias, viagens, seminários e pouco com o que é mais necessário: extensão rural e investimentos em tecnologias adaptadas. Não se compreenda com isso que seja contra os estudos, mas tão somente que sejam realizados como é o caso pela Universidade e que, o foco seja realmente aportar mais recursos na melhoria dos sistemas produtivos.] [O RN é pródigo em projetos que não deram em quase nada. Já foram aplicados milhões de dólares, em programas como o PAPP, PCPR, Desenvolvimento Solidário...e o que temos? Um enorme vazio produtivo e o que é pior: em expansão.][aí lemos alguns estudos realizados para justificar os aportes realizados por organismos internacionais que 'pintam' um quadro de perfeição, quando na realidade o que se tem é o plantio de um hectare de algodão orgânico, criação de treze galinhas caipiras, trinta e dois peixes, três colméias, meia hectare de mamona para produzir biodiesel (outro engodo)...e apontam como experiências de sucesso? seis meses depois tudo acabado e a descrença do produtor só aumenta. A descrença só não é maior do que o 'entusiasmo' de alguns representantes dos povos sofridos, em especial, dirigentes de ONG's, Sindicatos, Associações...É uma loucura. Que os sérios, e eles existem, não se ofendam.]

 

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