quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


A partir do final do século XX, os ganhos de escala se potencializam devido ao crescimento da disponibilidade de aço, uma das marcas da segunda revolução industrial. No atual contexto, qualquer oscilação de demanda ou fluxo de matéria prima, que antes poderiam ser enfrentadas com modificações na mão-de-obra, transformam-se em graves entraves devido à mecanização intensiva.

A alternativa para uma nova dinâmica de crescimento foi a integração vertical, através de processos de fusões e incorporações, que modificam profundamente a estrutura empresarial. Em todos os setores em que havia a possibilidade técnica de exploração de ganhos de escala, surgiram grandes empresas, verticalmente integradas em suas cadeias produtivas e operando nos grandes mercados nacionais.

Para que o processo seja eficiente é preciso uma profissionalização na gestão empresarial pois é preciso assegurar além de um sistema de produção eficiente, também é preciso maximizar os resultados em termos de compras, distribuição e marketing, que extrapola em muito a capacidade gerencial e financeira do empresário. Logo, a verticalização exige uma complexa estrutura administrativa que marcará a segunda revolução industrial através da empresa de sociedade anônima, gerenciada por uma estrutura hierárquica de administradores profissionais assalariados.

A estrutura administrativa passa a representar um elevado custo fixo e devido a atividades não mecanizáveis, essa estrutura se caracteriza pela baixa produtividade. Dessa forma, além de aumentar sua participação em termos de número de funcionários, a estrutura reduz os ganhos de produtividade de áreas operacionais.

A maximização do lucro no curto prazo perde espaço para a maximização de lucros de longo prazo, através de uma expressiva reinversão de lucros de forma a garantir a ampliação da própria estrutura administrativa. Serão desenvolvidas novas oportunidades de investimento, criando novas demandas através de um marketing agressivo, bem como interiorizando a própria dinâmica de inovação através de laboratórios internos de P&D: cria-se uma organizada insatisfação em termos de se delinear um desejo para ser satisfeito.

Alimenta-se na indústria a mística de lucratividade da ciência - onde empresas começam a financiar tanto a pesquisa básica como a aplicada. Ao contrário do empirismo tecnológico, totalmente dissociado da ciência, que caracteriza a primeira revolução industrial, a dinâmica tecnológica comandada pela grande empresa se associa com a ciência acarretando uma aceleração do processo de desenvolvimento científico e tecnológico.

A nova hegemonia ficará a cargo dos EUA que, às vésperas da Primeira Grande Guerra detém 40% do PIB dos países desenvolvidos e passa a 50% ao final da Segunda Guerra. O sucesso foi atribuído a três fatores. O primeiro foi em função de uma estrutura maior de capital aberto de suas empresas, devido a serem retardatários na primeira revolução industrial. O segundo fator foi a aceleração do processo de verticalização devido à forte preocupação americana com o livre mercado e sua oposição a cartéis. O mais importante fator foi a grande adequação e aceitação da sociedade americana ao produto padronizado.

Conforme caracterizado por Rosenberg: "...por todo um completo leque de produtos tem-se a evidência de que os consumidores britânicos impuseram seus gostos sobre os produtores, constrangendo-os seriamente com relação à exploração da tecnologia das máquinas. Observadores ingleses frequentemente notavam, com grande espanto, que os produtos americanos eram projetados para se adaptar, não ao consumidor, mas sim à máquina...".

A Eletrificação da Sociedade

A energia elétrica está para a segunda revolução industrial assim como a máquina a vapor esteve para a primeira e com a luz elétrica as taxas de lucratividade foram elevadas, permitindo o acelerado crescimento industrial. Motores e máquinas menores e toda a parafernália eletrônica subsequente permitiram o desenvolvimento de um grande número de utilidades domésticas, que seriam os bens de consumo duráveis que, juntamente com o automóvel, constituem os maiores símbolos da sociedade moderna.

O desenvolvimento da indústria de utilidades domésticas ocorre como resposta natural à escassez e ao encarecimento da mão-de-obra de serviços domésticos. Ou seja, a mão-de-obra de baixa qualificação migra para a indústria e os salários dos serventes tendem a acompanhar os salários industriais. Com o crescimento do movimento feminista, vincula-se a ideia que as "donas de casa devem se libertar da escravidão do trabalho doméstico", o que intensifica a demanda por utilidades domésticas devido ao aumento da renda familiar.

No contexto de se aumentar a produtividade do trabalho, surge o método de administração científica de Frederick W. Taylor, que se tornaria mundialmente conhecido como taylorismo: para ele o grande problema das técnicas administrativas existentes consistia no desconhecimento, pela gerência, bem como pelos trabalhadores, dos métodos ótimos de trabalho. A busca dos métodos ótimos, seria efetivada pela gerência, através de experimentações sistemáticas de tempos e movimentos. Uma vez descobertos, os métodos seriam repassados aos trabalhadores que transformavam-se em executores de tarefas pré-definidas.

Uma segunda concepção teórica, conhecida como fordismo, acelera o conceito de produto único de forma a intensificar as possibilidades de economia de escala no processo de montagem e se obter preços mais baixos. Com seu tradicional exemplo do Ford T, ao se valer da moderna tecnologia eletromecânica, ele desenvolve peças intercambiáveis de alta precisão que elimina a necessidade de ajustamento e, consequentemente do próprio mecânico ajustador. Sem a necessidade de ajuste, a montagem pode ser taylorizada, levando a que mecânicos semi-qualificados se especializassem na montagem de pequenas partes.

Com a introdução de linhas de montagem, eleva-se a produtividade ao minimizar o tempo de deslocamento e redução nos estoques. Muito mais importante ainda, são os ganhos dinâmicos de longo prazo, uma vez que se pode avançar com a taylorização, onde a própria linha de montagem se transforma no controlador do ritmo de trabalho. Esse cenário leva à substituição de empregados por máquinas de forma a maximizar a produtividade.

Por fim, com a expansão das escalas e dos ritmos de produção, o avanço da mecanização em sistemas dedicados se intensificará também nas unidades fornecedoras de peças, assim como nos fabricantes de matérias-primas e insumos.

Principais características da Segunda Revolução Industrial:

- Forte desenvolvimento tecnológico aplicado, principalmente, às indústrias elétrica, química, metalúrgica, farmacêutica e de transportes;
- Época de importantes invenções (veja relação abaixo) tecnológicas que melhoraram muito a qualidade de vida das pessoas e ajudaram a aumentar a produção das indústrias;
- Estados Unidos e Alemanha despontam como grandes potências industriais e econômicas, juntos com Inglaterra e França;
- A população urbana passa a ser maior do que a rural na Europa, O êxodo rural é motivado pelos empregos gerados nas indústrias das cidades;
- Utilização do gás e petróleo como combustíveis e fontes importantes de geração de energia. O carvão mineral começa, aos poucos, ficar em segundo plano;
- Uso da energia elétrica na iluminação urbana, residencial e industrial;
- Utilização do sistema de linha de produção nas indústrias.

Principais invenções tecnológicas deste período:

- Prensa móvel; Motor de combustão interna; Telefone; Rádio; Autofalante; Fita elétrica; Furadeira elétrica; Microfone; Gramofone; Refrigerador; Filme fotográfico; Antena; Cinema; Automóvel; Lâmpada elétrica; Fonógrafo; Válvula eletrônica; Raio X.

O que é Imperialismo?


Imperialismo é a política ocorrida na época da Segunda Revolução Industrial. Trata-se de uma política de expansão territorial, cultural e econômica de uma nação em cima de outra. O imperialismo contemporâneo é chamado de neo-imperialismo, pois possui muitas diferenças em relação ao imperialismo do período colonial. Basicamente, os países imperialistas buscavam três coisas: Matéria-prima, Mercado consumidor e Mão-de-obra barata.

A concepção de imperialismo foi perpetrada por economistas alemães e ingleses no início do século XX. Este conceito constituiu-se em duas características fundamentais: o investimento de capital externo e a propriedade econômica monopolista. Desse modo, a capitalização das nações imperialistas gradativamente se ampliava, por conseguinte a ‘absorção’ dos países dominados, pois monopólios, mão-de-obra barata e abundante e mercados consumidores levavam ao ciclo do novo colonialismo, que é o produto da expansão constante do imperialismo.
 
Os países imperialistas dominaram, exploraram e agrediram os povos de quase todo o planeta. A política imperialista provocou muitos conflitos, como a Guerra do Ópio na China, a Revolução dos Cipaios na Índia, etc.  Assim, ao final do século XIX e o começo do XX, os países imperialistas se lançaram numa louca corrida pela conquista global, desencadeando uma rivalidade entre os mesmos. Essa rivalidade se tornou o principal motivo da Primeira Guerra Mundial, dando princípio à “nova era imperialista” onde os EUA se tornaram o centro do imperialismo mundial.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

II Encontro Nacional dos Blogueiros de Economia


Está chegando o grande dia do II Encontro Nacional dos Blogueiros de Economia:

Data: 9 de Março de 2012 (Sexta-Feira)

Local: IBMEC-MG

Endereço: Rua Rio Grande do Norte, 300. Bairro Funcionários - Belo Horizonte-MG.

Horário: Das 13:30 à 18:30

Programação
13:30 Abertura
13:40 Painel Temático I – A Blogosfera e as Crises Econômicas
15:10 Intervalo
15:20 Painel Temático II – Os Blogs Como Ferramenta de Ensino da Economia
16:50 Intervalo
17:00 Painel Temático III – A Política Fiscal na Blogosfera
18:30 Encerramento

Organizadores:
Cláudio D. Shikida – De Gustibus Non Est Disputandum
Cristiano M. Costa – Blog do Cristiano M. Costa

Painel I
Anônimo - Drunkeynesian
Celso Toledo - A Consciência de Três Liberais
Ângelo Fasolo - The Duke of Hazard
Fábio Kanczuk - A Consciência de Três Liberais

Painel II
Roseli da Silva – Random Walk
Cláudio D. Shikida – De Gustibus Non Est Disputandum
Thomas Kang - Oikomania
Ronald Hillbrecht – Escolhas e Conseqüências

Painel III
Fernando Meneguin - Brasil, Economia e Governo
Felipe Salto - Blog do Felipe Salto
Mansueto Almeida - Blog do Mansueto

O armário econômico de Romney.


PAUL KRUGMAN, na Folha de S. Paulo, num texto que não dá para não ler.   

De acordo com Michael Kinsley, uma gafe é o que acontece quando um político acidentalmente fala a verdade. Foi sem dúvida o que aconteceu com Mitt Romney na terça, quando, em um momento de franqueza ele acabou por se entregar.

Falando no Michigan, Romney ouviu uma pergunta sobre redução do deficit e disse em resposta algo inteiramente razoável: "Se você apenas cortar, se você pensar unicamente em reduzir gastos, à medida que reduzir os gastos você vai desacelerar a economia".

Como se poderia prever, a polícia ideológica da direita ficou horrorizada; o Clube para o Crescimento imediatamente denunciou a declaração, dizendo que ela mostra que Romney não é "um conservador que defende o governo limitado".

E um porta-voz de Romney tentou retirar o que o pré-candidato havia dito, afirmando: "O que o governador quis dizer foi que apenas cortar o Orçamento, sem políticas afirmativas em prol do crescimento, é insuficiente para imprimir uma virada na economia".

Sabemos com quem Romney vai buscar conselhos econômicos; lideram a lista Glenn Hubbard, da Universidade Columbia, e N. Gregory Mankiw, de Harvard. Embora eles sejam partidários republicanos leais, ambos também possuem longos históricos como economistas profissionais. E o que esses históricos profissionais deles sugerem é que nenhum dos dois acredita em nenhuma das proposições que viraram provas decisivas para os pré-candidatos republicanos.

Considere-se o caso de Mankiw, em especial. Os republicanos modernos detestam Keynes; Mankiw é editor de uma coletânea de artigos intitulada "New Keynesian Economics". Numa das primeiras edições de seu livro didático, que é um best-seller, ele descreveu a economia baseada no estímulo à oferta -a doutrina à qual aderiu o endeusado Ronald Reagan- como sendo a criação de "excêntricos e charlatães". E, em 2009, ele pediu por inflação mais alta como solução para a crise, posição que é terminantemente rejeitada por republicanos como Paul Ryan, presidente do Comitê de Orçamento da Câmara.

Em vista de seus assessores, portanto, parece seguro supor que aquilo que Romney falou sem querer reflita suas ideias econômicas reais.

Então será que aqueles que não compartilham as crenças da direita deveriam sentir-se reconfortados com as evidências de que Romney não acredita em nada que anda dizendo? Em especial, deveríamos presumir que, uma vez eleito, ele adotaria políticas econômicas sensatas? Lamentavelmente, não.

Pois o cinismo e a falta de coragem moral que têm estado tão evidentes na campanha não desapareceriam assim que Romney pusesse os pés na Casa Branca. Se ele não ousa discordar das bobagens econômicas agora, por que imaginar que se disporia a contestá-las no futuro? E vale lembrar que, se for eleito, ele será observado estreitamente, em busca de sinais de qualquer apostasia, pelas próprias pessoas que agora se esforça para agradar.

Nordeste avança na convergência salarial


A convergência da renda regional é um dos pontos cruciais no desenvolvimento das economias periféricas. Este ponto é mais visível principalmente nas grandes economias periféricas em desenvolvimento, os chamados BRICS, cuja expansão se deve em geral a políticas centradas em aproveitar vantagens comparativas que são usualmente concentradas em termos geográficos. O Brasil não é exceção, muito pelo contrário, apresentando um cenário onde a Região outrora mais rica (o Nordeste) se tornou ao longo do processo de desenvolvimento nacional a que concentra os principais bolsões de pobreza.

Ao longo dos últimos séculos a inversão de posição entre o Nordeste e o Sudeste tornou esta primeira uma Região periférica dentro do contexto nacional, e já faz décadas que se utilizam políticas públicas no sentido de recuperar uma trajetória de convergência da renda ou, ao menos, dos salários. Visto que o Nordeste vem se mostrando ao longo dos últimos anos um bastião do crescimento nacional, cabe considerar se a convergência ao menos dos salários médios é uma realidade alcançável ainda na vida dos atuais trabalhadores (a da renda, se alcançável, é coisa para gerações).

Utilizando os dados mais recentes na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, temos que alguns elementos estilizados quando a remuneração do trabalho no Brasil são apoiados pelos dados e, também, que há sinais de convergência. O primeiro quadro a seguir sugere que nas principais áreas metropolitanas o salário médio real atualmente convergiu para três patamares: um mais alto para Rio de Janeiro e São Paulo, um segundo intermediário para as demais áreas menos Recife, que se isola sem apresentar tendência de crescimento nos últimos anos. Em média, a distância entre todas as áreas e São Paulo diminuiu consideravelmente ao longo dos últimos 10 anos.




Um segundo ponto importante que já pode ser claramente visualizado na série é que o número de horas de trabalho vem claramente diminuindo, embora estranhamente de forma mais acelerada nas regiões de renda mais baixa (Recife e Salvador). Permanece verdade que Paulistas e Cariocas apresentam mais horas de trabalho que os Nordestinos, mas o quadro seguinte mostra aquilo que é mais importante: a diferença na remuneração por hora vem diminuindo acentuadamente.




A convergência do salário por hora é claramente mais forte que a observada para o salário total, embora ainda pode se arguir que também há três grupos e que Recife fica para trás. O mais importante desta série é o comportamento das demais áreas em relação a São Paulo que, apesar de apresentar crescimento no salário real por hora, vem sendo alcançado pelas demais áreas.



Não há elementos na PME que permitam avaliar os motivos pelos quais se observa convergência, nem por quer Recife vem ficando para trás quando se esperava o contrário dada a velocidade com que a taxa de desemprego caiu na Região. Talvez a redução no desemprego tenha se dado em funções que na média tem menor remuneração, derrubando assim a estatística geral. Isto é um tema para um outro estudo.

Fernando Dias

Banco Central vai monitorar operações de crédito acima de R$ 1 mil


Informações sobre empréstimos de pessoas físicas e jurídicas com valor superior a R$ 1 mil vão alimentar um sistema de dados do Banco Central a partir do próximo dia 2 de abril. O objetivo é permitir que os bancos tenham como avaliar a capacidade de pagamento dos clientes. Além de aumentar a segurança do sistema financeiro e a solvência da economia como um todo, a medida poderá contribuir para a queda das taxas de juros nas operações de menor risco.

O aperto na vigilância sobre os empréstimos foi anunciada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta terça-feira (28). Hoje, esse banco de dados só reúne informações de operações superiores a R$ 5 mil.

A redução desse limite, conforme Tombini, permitirá ao BC o monitoramento de 150 milhões de novas operações, com "mais qualidade nas informações" usadas pelos bancos no momento da concessão do crédito. 

Spread

Tombini fez o anúncio diante da cobrança do senador Armando Monteiro(PTB-PE) de medidas efetivas para a redução do spread, a diferença entre a taxa que o banco paga na captação de recursos e a que cobra do tomador de empréstimos.

Além disso, o presidente do BC anunciou a criação de uma central de cessão de crédito e a liberação de compulsório com a finalidade de facilitar a aquisição de créditos de instituições bancárias de menor porte. O objetivo de ambas as medidas, segundo Tombini, é aumentar a competição entre os bancos.

O presidente do BC destacou também o impacto do Cadastro Positivo, já aprovado pelo Congresso Nacional, na redução do spread bancário, mas reconheceu que ainda há muito o que fazer para diminuir os custos dos empréstimos.

da Agência Senado

David Harvey apresenta conferências no Brasil


O geógrafo britânico David Harvey veio ao Brasil para o lançamento do livro “O enigma do capital e as crises do capitalismo”, no qual discute as razões para o fracasso da sociedade de livre mercado.

Harvey, que é um dos marxistas mais influentes da atualidade e um apoiador engajado do movimento Occupy, apresentou conferências em universidades de São Paulo e do Rio de Janeiro entre os dias 27 e 29 de fevereiro. Todos os eventos foram gratuitos e sem necessidade de inscrição prévia.

Em seu novo livro “O enigma do capital e as crises do capitalismo”, David Harvey tenta desnudar as razões para o fracasso da sociedade de “livre mercado”, jogando por terra o argumento de que a crise financeira mundial, que começou em 2008 e está longe de acabar, não tenha precedentes.

“Tento restaurar algum entendimento sobre o que o fluxo do capital representa. Se conseguirmos alcançar uma compreensão melhor das perturbações e da destruição a que agora estamos todos expostos, poderemos começar a saber o que fazer”, afirma o autor.

Para tanto, Harvey estuda as condições necessárias para a acumulação do capital e utiliza rigoroso arsenal teórico ao expor o papel fundamental que as crises têm na reprodução do capitalismo e os riscos sistêmicos de longo prazo que o capital representa para a vida no planeta.

Riscos sistêmicos estes, inerentes ao capitalismo de livre mercado, que os economistas não foram capazes de compreender quando a crise estourou e até hoje parecem não ter ideia do que são ou do que fazer com eles. Nem sempre, porém, houve essa cegueira generalizada entre os economistas.

Segundo Harvey, nos primeiros anos do capitalismo, economistas políticos de todos os matizes se esforçaram para entender os fluxos do capital, mas nos últimos tempos se afastaram do exercício de compreensão crítica para construir modelos matemáticos sofisticados, investigar planilhas e analisar dados sem fim. Qualquer concepção do caráter sistêmico desses fluxos foi perdida sob um monte de papéis, relatórios e previsões.

Com uma capacidade analítica singular, Harvey dirige-se de forma didática e acessível ao leitor pouco familiarizado com o jargão econômico ou marxista, sem ser simplista. Por meio da construção detalhada de cada conceito, torna a leitura gradativamente mais complexa na medida em que uma maior articulação é necessária para explicar a dinâmica do fluxo do capital, seus caminhos sinuosos e sua estranha lógica de comportamento, tarefa fundamental para explicar as condições em que vivemos atualmente.

David Harvey é um dos marxistas mais influentes da atualidade, reconhecido internacionalmente por seu trabalho de vanguarda na análise geográfica das dinâmicas do capital. É professor de antropologia da pós-graduação da Universidade da Cidade de Nova York (The City University of New York – Cuny) na qual leciona desde 2001. Foi também professor de geografia nas universidades Johns Hopkins e Oxford.

Seu livro “Condição pós-moderna” foi apontado pelo Independent como um dos 50 trabalhos mais importantes de não ficção publicados desde a Segunda Guerra Mundial.

Seus livros mais recentes, além de “O enigma do capital”, são: “A Companion to Marx’s Capital”  e “O novo imperialismo”.

Fonte: Com informações da Carta Maior e Boitempo Editorial

Confira também:

HARVEY, David - Condição Pós-moderna


Conheça mais o autor:


David Harvey (Gillingham, Kent, 7 de dezembro de 1935) é um geógrafo marxista britânico, formado na Universidade de Cambridge. É professor da City University of New York e trabalha com diversas questões ligadas à geografia urbana.

Seu primeiro livro, Explanation in Geography, publicado em 1969, versa sobre a epistemologia da geografia, ainda no paradigma da chamada geografia quantitativa. Posteriormente, Harvey muda o foco de sua atenção para a problemática urbana, a partir de uma perspectiva materialista-dialética. Publica então Social Justice and the City no início da década de 1970, onde confronta o paradigma liberal e o paradigma marxista na análise dos problemas urbanos.

Cortes do governo para garantir meta de superávit primário


Randolfe critica cortes do governo para garantir meta de superávit primário Esta matéria contém recursos multimídia
[senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)]

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) criticou na segunda-feira (27) a política econômica baseada em superávit primário - economia feita pelo governo para pagar juros da dívida. Segundo o senador, 45% dos recursos arrecadados pelo governo federal em 2011 foram usados para pagar credores, o que equivaleria a R$ 708 bilhões.

- Você que está nos assistindo, de cada R$ 10 que você paga de imposto, quase 50%, 4,5 reais, vão para os credores da dívida interna e da dívida externa; vão para os banqueiros internacionais e para os credores da dívida brasileira - afirmou o senador, dirigindo-se à população.

Randolfe Rodrigues criticou os cortes no orçamento de 2012 anunciados recentemente pelo governo federal e comparou os R$ 55 bilhões que serão economizados ao valor investido em 2011 em áreas como saúde e educação. Segundo o senador, o valor total dos cortes equivale a dez vezes o investimento em atenção básica à saúde, 33 vezes o que se gastou com educação profissional e 161 vezes o que se investiu em saneamento básico no ano passado.

Para o senador, o que o governo faz é cortar R$ 55 bilhões que poderiam ser investidos no país para transferi-los para o mercado. Randolfe Rodrigues disse considerar que o país não precisa fazer tantas concessões e tem condições de ser "menos frouxo".

- Está havendo uma clara inversão de para quem se destina a política econômica. Ao invés de se destinar aos 99%, está se destinando a esse 1% da população.

O senador encerrou o pronunciamento com críticas à taxa básica de juros e à falta de investimentos em infraestrutura, que, na sua opinião, impedem o país de "caminhar para a frente".

Da Redação / Agência Senado

Quadro partidário nos Municípios brasileiros


Pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra que a maioria dos grandes partidos perdeu força política entre as eleições de 2008 e a que está prevista para outubro deste ano. As maiores baixas ficaram com o DEM.

Mas, PMDB, PPS, PDT, PSDB, PTB, PR tiveram reduções em seus quadros de prefeitos eleitos em 2008. Segundo o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, esses números não são definitivos e “novas mudanças ainda podem acontecer”, adianta.

O trabalho da CNM também aponta que dos 5.563 prefeitos eleitos em 2008, um total de 383 não estão mais no exercício do mandato.
Destes, 210 foram cassados, 48 deles por supostas infrações à legislação eleitoral. O segundo motivo para a troca de prefeito é a morte, o que ocorreu em 56 Municípios do país.

A pesquisa foi realizada em duas etapas: num primeiro momento, foram cruzados os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), das federações regionais de Municípios e da própria CNM com o objetivo de detectar onde houve mudança de prefeito desde 2009. Na etapa posterior, os Municípios foram contatados individualmente pelos pesquisadores com o objetivo de esclarecer os motivos.

Eleições em 2008

O resultado final das eleições de 2008 mostrou que o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), foi o grande vencedor com a eleição de 1.199 prefeitos (21,6%), seguido do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com 789 eleitos (14,2%) e em terceiro o Partido dos Trabalhadores (PT), com 553 (9,9%). Mas muito próximo destes números estavam o Partido Progressista (PP), com 549 (9,9%) e o Democratas (DEM), com 500 (9,0%).

A pesquisa da CNM mostra que a maioria dos partidos perdeu força para este novo pleito de 2012. O PMDB que tinha 1.199 prefeitos agora conta com 1.177; o PSDB que tinha 789, hoje conta com 736; o PT que elegeu 553 agora possuí 564 prefeitos, sendo um dos poucos partidos que obteve crescimento no período.

O PP que elegeu 549 hoje esta com 514, e o DEM, dos 500 prefeitos que elegeu hoje conta com 395. Já o novo partido, o PSD, atualmente conta com 270 prefeitos em Municípios de diversas regiões do país.

Ao analisar a pesquisa, Ziulkoski destaca que entre os grandes partidos o PSD retirou mais prefeitos do DEM, que caiu 21%; o PSDB teve uma queda de 6,7%; o PP caiu 6,4%, o PTB caiu 7,7% e o PDT caiu 4,8%. Entre os partidos menores o PHS, o PMN, o PT do B, o PSL e o PTN, entre outros, perderam eleitos. Já o PT obteve um crescimento de 2%, o PV também cresceu 5,1% e o PSB cresceu 9%. Dos menores partidos o que obteve o maior crescimento foi o PSC com 12,1%.


Veja aqui a pesquisa geral
Aqui o total de prefeitos cassados
Aqui a relação dos Municípios

Agência CNM                    

O amargo chá do colonialismo inglês


Ao negar as acusações da presidente Cristina Kirchner de que esteja militarizando o Atlântico Sul e rejeitar qualquer solução negociada sobre a soberania das ilhas Malvinas, o governo do premiê David Cameron comprou uma briga complicadíssima...

Ao negar as acusações da presidente Cristina Kirchner de que esteja militarizando o Atlântico Sul e rejeitar qualquer solução negociada sobre a soberania das ilhas Malvinas, o governo do premiê David Cameron comprou uma briga complicadíssima, impossível de ser vencida: com seu próprio passado que combinou, com perfeição, a intransigência, o garrote e a libra.

A diplomacia britânica ainda conserva desconcertantes sutilezas herdadas do seu passado imperial. Sofismas e negação de evidências são a marca registrada quando se trata de ocultar velhos métodos. No transcurso de dois séculos, os ingleses usaram e abusaram da ingerência política, econômica, diplomática e militar. Possivelmente, mesmo depois do declínio, ainda conservem o modus operandi.

Para alcançar seus objetivos, os sucessivos governos de Sua Majestade recorreram a invasões, guerras, à desestabilização interna e ao acirramento de conflitos regionais para assegurar sua supremacia em regiões colonizadas. Também, em diferentes épocas, contaram com diversos aliados: presidentes, ministros, chanceleres, generais, banqueiros e mercenários de toda ordem.

Voltemos à guerra de 1982. Quatro anos antes, em 1978, Chile e Argentina estiveram a ponto de entrar em guerra pelo litígio do Canal de Beagle. Ao serem desatadas as hostilidades pelas Malvinas, o governo de Santiago recusou a aliar-se aos seus vizinhos como fez o resto da América Latina, opôs-se à convocação do Tiar (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca) e absteve-se em todas as votações que condenaram a agressão britânica e o apoio norte-americano. A posição chilena favorecia o Reino Unido e, contudo, os ingleses colocaram o parceiro em evidência, expondo-o a consequências desagradáveis.

Foi a própria mídia estatal inglesa a encarregada de revelar o papel determinante do Chile para a inteligência britânica que teria instalado naquele país um sistema de espionagem eletrônica das bases argentinas em Ushuaia, Rio Grande e Rio Gallego.

Não, não houve qualquer trapalhada diplomática. Essas declarações de "gratidão" não obedeceram aos bons modos britânicos, mas sim à sua prática constante de dividir para reinar, fomentando a ressurreição de antigos eixos geopolíticos, pelos quais cada país se considera inimigo de seu vizinho, em proveito do inimigo de todos eles que costuma ser também o abastecedor de armas. Um cenário felizmente superado na região.

Quando negam as intenções militares, os ingleses parecem ter esquecido que, em 1985, a Argentina protestou energicamente perante a OEA contra uma base aérea no arquipélago. O então ministro das Relações Exteriores, Dante Caputto, garantiu que a conversão das Malvinas numa poderosa base militar constituía "uma grave ameaça à segurança de nossa nação, à paz e à tranquilidade do nosso continente e, por conseguinte, à paz e à tranquilidade no mundo".

O comunicado da Secretaria de Exterior britânica, afirmando que cabe aos Kelpers (como são chamados os habitantes das ilhas) decidirem seu próprio destino (“Eles escolheram a cidadania britânica, têm liberdade para determinar seu futuro e não haverá negociações com a Argentina a não ser que eles assim desejem”), prima pelo sofisma e pela jactância imperial.

Como recorda o historiador Dino Freitas "no século XVII, Oliver Cromwell esmagou a rebelião irlandesa usando tropas escocesas, e colonizou o norte da Irlanda com essas forças, que se ambientaram à região do Ulster, dando origem às raízes do atual conflito anglo-irlandês. Os chamados protestantes irlandeses, de irlandeses não tem quase nada. Com o estabelecimento de uma população de colonos britânicos no Atlântico Sul, os ingleses aplicam a mesma estratégia. Introduzem uma população fanática e cegamente leal para defender seus interesses, já que nunca desejarão ser argentinos".

È previsível saber os futuros desejos dos Kelpers. Cameron, como um pugilista desonesto, procura meter o dedo no olho inchado de seu rival. Se no século retrasado, isso serviu para dominar os mares e o comércio - explorar os recursos naturais e amarrar os povos periféricos na roda dos juros compostos de seus créditos que nunca terminavam de se pagar - hoje os ingleses buscam, além do petróleo, conservar os remanescentes daquele esplendor, alimentando sua moderna indústria bélica e agregando valor a vários setores de sua combalida economia.

À América Latina não cabe outra posição que não seja de irrestrito apoio às reivindicações do governo de Cristina Kirchner.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil.

Resolvendo um grande problema enquanto ele ainda é pequeno


A modelagem do desenvolvimento brasileiro verificado na segunda metade do século passado promoveu um intenso processo de migração rural-urbana. Os bônus da industrialização centraram-se em algumas cidades. Mas seus impactos foram sentidos por todo o país.

A migração em massa para as cidades impôs aos brasileiros uma profunda mudança de valores culturais e, também, que uma gigante parcela vivesse em situação de pobreza e com crescente violência urbana. O poder público não conseguiu ofertar serviços ao ritmo do crescimento das demandas sociais, agravando o abismo social entre os mais ricos e os mais pobres.

Esta é uma tendência que se verifica: a demanda cresce em progressão geométrica enquanto a oferta de serviços cresce em progressão aritmética. A reversão desse processo, ou seja, o conserto dessa realidade, é custoso e lento. Os índices de concentração de renda do país ainda figuram no topo da desigualdade, rivalizando com os países mais pobres do planeta.

Experimentamos, no período dos “grandes projetos”, uma entressafra de gerações. Depois dos babyboomers (que tinham expectativa de bons empregos), vieram os “X” (mais educados, os atuais executivos), depois os “Y” (com novos valores e comportamentos). Agora já se fala na geração “Z”, conectada à tecnologia, ágil, fazendo várias coisas ao mesmo tempo, uma geração que não conheceu o mundo sem telefone celular. Fala-se em seis classes de consumo e a agenda social está mudando.

Os modelos, as causas, as grandes bandeiras, as imagens aguardam serem eleitas pela sociedade, e ainda não sabemos ao certo o que queremos nos tornar no futuro. Esses valores e anseios da população desse novo tempo precisam estar inseridos nas políticas públicas para mantermos os talentos, base para o nosso melhor desenvolvimento.

O Espírito Santo possui características peculiares em seu desenvolvimento. Com uma industrialização mais tardia que a verificada nos estados vizinhos, ainda estamos vivenciando esse crescimento. As decisões econômicas criaram algumas grandes plantas industriais (dos setores de mineração, siderurgia e celulose) que modificariam sobremaneira a composição de nosso PIB, até então concentrado nos galhos da cafeicultura, nos tornando grande exportador de commodities. Os incentivos fiscais e financeiros estaduais constituídos nesse período contribuíram para moldar a economia capixaba como sendo especializada em comércio exterior.

O Estado experimentou, em poucas décadas, a mesma rápida concentração urbana pela qual passou o Brasil. Produziu bolsões de pobreza na metrópole e esvaziamento de sua zona rural (ainda que nossa estrutura fundiária centrada em produtores familiares nos oferecesse uma melhor distribuição da terra que a encontrada em quase todo o país) de forma a questionarmos o bem-estar social alcançado pelos capixabas.

As concretas projeções de investimento em novas grandes plantas industriais (sob a liderança da indústria do petróleo e do gás) nos garantem um crescimento a taxas chinesas nesta década. Mas poderíamos continuar com a sensação de que o crescimento econômico do Estado não distribui os seus frutos para todos. Haveria, então, um modelo a seguir? 

Certamente, o que queremos nos tornar não inclui o desenvolvimento econômico concentrado em alguns municípios, que alimenta a criação de novos bolsões de miséria em centros dinâmicos e o esvaziamento de outras cidades e mesmo de arranjos produtivos tradicionais no Estado, como agricultura, vestuário, móveis, ou rochas ornamentais. 

O conceito de sustentabilidade em suas vertentes econômica, social, ambiental e cultural nos disciplina a buscar um desenvolvimento que atenda às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de também atenderem as suas próprias necessidades. 

Vemos filhos deixando a terra dos pais para buscar um futuro melhor em cidades maiores. Nas regiões capixabas de baixo dinamismo econômico podemos perceber a insegurança de chefes de família quanto ao futuro de seus filhos e, diante de um novo ciclo de crescimento, agora concentrado na faixa litorânea capixaba, sentem-se atraídos por mais um chamamento para a migração.

É preciso transformar essas regiões interioranas, carentes de dinamismo, em comunidades empreendedoras com qualidade de vida atraente, inclusive, para os jovens por meio de ações que garantam um desenvolvimento regionalmente equilibrado.

Mas haveria um modelo a seguir? Qual o Estado no país – ou no mundo – que poderia servir de inspiração para o Espírito Santo construir o seu modelo de desenvolvimento?

Nós, capixabas, irmãos mais novos e durante muito tempo “primos pobres” do Sudeste do país, devíamos nos inspirar na lição ensinada pelos nossos vizinhos e não repetir um modelo de crescimento concentrador de riqueza que, depois de implantado, demanda do setor público recursos vultosos para resgatar os cidadãos excluídos. Repetir o modelo de concentração econômica é repetir o acirramento dos conflitos sociais já vivenciados principalmente nos grandes centros industriais do país. Queremos que em poucas décadas a geração de riqueza que está por vir tenha sido distribuída de forma harmônica entre os capixabas de todas as microrregiões.

Medidas criativas de fortalecimento dos municípios, como o Fundo de Combate às Desigualdades Regionais (FRDR), em que parte dos recursos de royalties que cabe ao Estado passou a ser distribuída aos municípios – segundo critérios que descentralizam recursos de regiões produtoras de petróleo e gás e da região metropolitana –, trazem uma receita nova que, se bem aplicada, melhora a qualidade de vida, a preservação ambiental, além da estrutura nas áreas sociais básicas.

O fortalecimento da rede de cidades capixaba, com criatividade e inovação, e os benefícios que trazem a criação ou a consolidação de cidades-polo de irradiação de desenvolvimento, com geração de riqueza e empregos, nas diversas microrregiões, são bem mais benéficos para todo o Estado que um modelo de crescimento econômico concentrado em determinada região, nos moldes de décadas atrás.

Além da disputa por localização de grandes plantas, como a implantação de refinaria ou parque petroquímico, o Espírito Santo mobiliza suas instituições para atrair projetos relevantes para a região, principalmente sob a ótica da diversificação econômica, formando novos setores, e para o preenchimento de elos faltantes em nossa cadeia de produção.

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento (Sedes) e o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) articulam-se para atrair projetos de plantas de médio porte, com investimentos previstos entre R$ 30 milhões e R$ 100 milhões. Esses investimentos são de empresas âncoras que possuem grande capacidade de atração de outros novos projetos para o Estado, pois demandam contratação de serviços e compra de matérias-primas e insumos de empresas que podemos chamar de satélites. A ótica é a de buscar projetos que promovem o desejado desenvolvimento regional equilibrado, fortalecendo a rede de cidades, e não apenas lançar qualquer empresa para determinado município por uma questão de conveniência política.

As empresas satélites atraídas pelas âncoras distribuídas pelas cidades do entorno tornam-se ainda mais relevantes quando localizadas no interior, pois poderão ser responsáveis por um ciclo virtuoso de dinamismo regional ainda não vivenciado no Estado. Já estão sendo atraídas empresas nacionais, reconhecidas pela tradição e qualidade de seus produtos, de setores de bens duráveis e com considerável geração de valor agregado. O Espírito Santo já conseguiu atrair unidades fabris de motores elétricos, eletrodomésticos, estruturas metálicas para sistema de armazenagem, móveis de aço, entre outros. E que venham as empresas satélites. 

Essas unidades fabris de médio porte, foco de atuação da articulação do Bandes e da Sedes para implantarem-se no interior ou em regiões deprimidas da Grande Vitória, harmonizam o desenvolvimento e são potenciais geradoras de emprego, além de demandantes de qualificação profissional. Normalmente, são empresas que estão expandindo seus novos negócios para outros estados devido a problemas típicos de grandes centros industriais – caso de mão de obra escassa e de custos elevados de terrenos caros no seu entorno -, além de encontrarem no Estado incentivos fiscais e financeiros, rede de ensino técnico, vocações regionais e infraestrutura adequados. Outro fator a ser reconhecido é que esses projetos (âncoras e satélites) poderão contribuir para a melhor distribuição da quota-parte do ICMS para os municípios que os sediarem. O Estado está numa posição logística privilegiada para integrar o Norte e o Sul do país.

Outro fator de desigualdade é a legislação de distribuição dos recursos arrecadados pelo ICMS, que precisa ser revista. Deve ser superada a lógica de concentrar os recursos em municípios de baixa população que possuem grandes plantas industriais, pois esse modelo revelou-se concentrador de novos investimentos e condenou milhares de municípios brasileiros a mal sobreviverem de transferências que, a cada novo ciclo, se concentram ainda mais nos municípios industrializados.

O modelo chega a ser perverso quando, como é o caso do Espírito Santo, as grandes plantas industriais sequer recolhem ICMS (por se tratar de exportações desoneradas de impostos) e, ao serem pesados os critérios da distribuição da quota-parte do ICMS, retira-se parte dos recursos de outros municípios mais pobres, transferindo o ICMS recolhido ao município industrializado. 

Alguns dados do Índice de Participação Municipal (IPM) na distribuição da quota-parte do ICMS ilustram a desigualdade na distribuição da receita desse imposto entre os municípios capixabas. Atualmente, somente cinco municípios capixabas concentram mais da metade (51%) do IPM, sendo que Vitória e Serra juntas ficam com 36%. Alguns municípios do interior do Estado, que já tiveram participação importante na economia capixaba, como Cachoeiro de Itapemirim e Colatina, vêm perdendo parcela no IPM: o primeiro passou de 4,951% em 1990 para 3,181% em 2010, ao passo que Colatina caiu de 5,262% para 2,279% em iguais períodos.

A discussão da reforma tributária possui inúmeros vieses – um deles seria a revisão do pacto federativo, principalmente quanto à discussão da redistribuição das receitas com impostos arrecadados, pois os municípios ficam com apenas 14% do total e os estados com 26% e a União com 60% . Descentralizar esses recursos da União em prol dos municípios é uma medida necessária para o melhor equilíbrio do desenvolvimento.

Outra aposta é a negociação para que as empresas a serem atraídas ao Estado tragam, junto com sua planta industrial, unidades de pesquisa e desenvolvimento, como forma de estimular no Estado a produção de conhecimento, de integração do ensino e pesquisa ao mercado – ações que também estão previstas no planejamento estratégico do atual Governo.

De acordo com estudo da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), o Brasil já conta com 75 parques tecnológicos, que englobam mais de 500 empresas e já geram mais de 26 mil novos empregos. Estima-se que existam hoje cerca de 1.500 iniciativas semelhantes em todo o mundo.

Como exemplo nacional, podemos citar o parque tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), criado em torno do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), que possui 16 nascentes em sua incubadora e começa agora a receber uma leva de grandes empresas, atraídas pelas oportunidades surgidas com os enormes desafios tecnológicos da exploração do pré-sal.

Os resultados dos parques já instalados no Brasil mostram que eles vêm cumprindo uma função essencial na realidade econômica, social e tecnológica em que estão inseridos. Esses centros podem ter grande impacto regional/setorial no âmbito nacional, ou, e acredito que assim seria no caso do Espírito Santo, focados em necessidades e desafios microrregionais e locais. São ambientes de inovações assim, no campo da Ciência e da Tecnologia, que o Bandes quer apoiar, a fim de transformar conhecimento em riqueza.

O Bandes é instrumento da política estadual de combate às desigualdades regionais. Busca cumprir seu papel de diferentes formas: apoiando fortemente atividades geradoras de emprego e renda, como o crédito para investimento aos produtores familiares do campo; o crédito às micro e pequenas empresas e informais de todo o Estado; e os financiamentos a taxas atraentes aos diversos arranjos produtivos do Estado.

O banco atua como líder em consórcios bancários para apoiar a implantação ou a ampliação de plantas industriais de portes médio e grande, trabalha na atração de novas empresas, em articulação com a Sedes, e, principalmente, atua como articulador e indutor do desenvolvimento descentralizado por meio de incentivos fiscais e financeiros em consonância com o plano estratégico de desenvolvimento do Espírito Santo.

É mais fácil resolver um grande problema enquanto ele ainda é pequeno: nosso foco é buscar distribuir os frutos do progresso com maior igualdade e equilíbrio para usufruirmos, em poucas décadas, de um crescimento harmônico em todos os municípios, com oportunidades para todos. Esse é o modelo de desenvolvimento que almejamos. O desafio que se apresenta é o de trabalhar com a intensidade necessária para a promoção de um novo padrão de desenvolvimento com maior equilíbrio entre as regiões capixabas.

Guerino Balestrassi - Diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes)


Revista Finanças dos Municípios Capixabas - Ano 17 - 2011

domingo, 26 de fevereiro de 2012

BIG BROTHER BRASIL UM PROGRAMA IMBECIL.


Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão 'fuleiro'
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, 'zé-ninguém'
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme 'armadilha'.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Da muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social

Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério - não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os "heróis" protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
"professor", Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos "belos" na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos "emburrecer"
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados

Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal.
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal.

FIM

 Autor: Antonio Barreto, Cordelista natural de Santa Bárbara-BA, residente em Salvador.