quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Notas e comentários XXVI

Rombo na previdência própria
O jornal O Globo – Edição do dia 22-12 – que 10 milhões de servidores públicos (estaduais e municipais) estão com suas aposentadorias ameaçadas pela insolvência dos institutos de previdência de uma dezena de Estados e de 186 prefeituras que optaram pelo regime próprio. Tamanho do buraco: R$ 78 bilhões. Começam a surgir os “rombos”, as “fraudes”, a má gestão.

Competitividade
Brasil só voltará a crescer 4% se a produtividade subir 3%. Segundo estudo do Ibre/FGV, qualquer avanço no PIB acima de 1,2% a 1,4% ao ano dependerá dos ganhos de produtividade. Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) traduziram esse desafio em números: somente com uma alta média de 3% ao ano na produtividade do trabalho será possível a economia crescer na casa de 4% ao ano, de 2012 a 2022. O estudo é assinado por Régis Bonelli e Júlia Fontes e ilustra o livro Ensaios Ibre de Economia Brasileira.
Qualquer avanço no Produto Interno Bruto (PIB) acima de 1,2% a 1,4% ao ano dependerá dos ganhos de produtividade. "O ganho de importância da produtividade é muito claro. E isso é especialmente grave porque o Brasil não está tendo ganhos elevados de produtividade nos últimos tempos", diz Bonelli.

 

Bahia: campeões no consumo de cerveja
Uma pesquisa inédita feita pelo Ibope revela que a Bahia é o Estado onde mais se usa a cerveja para comemorações entre amigos e familiares. Realizada entre 7 e 11 de novembro e encomendada pela CervBrasil, a pesquisa aponta que 81% dos entrevistados baianos mencionaram a bebida como a preferida para celebrar.
O índice está bem acima do alcançado no resto do país, onde 64% das pessoas ouvidas apontaram a cerveja como a bebida preferida. No Brasil inteiro, refrigerante, espumante e vinho aparecem na sequência do ranking, com, respectivamente, 13%, 12% e 5% das citações.
O segundo Estado que mais usa a cerveja em comemorações é o Rio de Janeiro (77%), seguido de Minas Gerais (74%), São Paulo (63%) e Paraná (62%).
Por Lauro Jardim

UERN: vestibular com nova data
A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) irá alterar o calendário de provas do Processo Seletivo Vocacionado (PSV/2014). A decisão foi tomada na manhã desta quinta-feira, em uma reunião do Reitor, Pedro Fernandes, e do vice-reitor, Aldo Gondim, com todos os pró-reitores e coordenador da Comissão Permanente do Vestibular (COMPERVE).
A mudança foi definida com a resposta oficial do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), à consulta sobre as eleições suplementares municipais em Mossoró que coincidem com o vestibular da UERN, dia 2 de fevereiro de 2014.
Solidariedade?
A vice-prefeita de Natal e ex-governadora Wilma de Faria (PSB), que teve o filho Lauro Maia (PSB) condenado a mais de 16 anos de prisão por desfalcar a saúde pública do Rio Grande do Norte em R$ 36 milhões, recebeu a solidariedade dos três principais partidos políticos do Estado, por meio de suas maiores lideranças.
A saber: Democratas, com o senador José Agripino; PMDB, com o deputado federal Henrique Alves; e PT, com a deputada federal Fátima Bezerra. Salvo melhor juízo, a população potiguar precisa entender: essas referências políticas estão solidárias ao crime? Se é verdade, estamos diante da inversão de valores. (César Santos)

PMDB: a bola da vez é Fernando Bezerra
“A minha (preferência)? É (Fernando Bezerra), mas não decido sozinho. Se pudesse lançar um candidato, eu sinceramente fazia um apelo aos correligionários e lançaria o nome de Fernando Bezerra. Ele ainda disse que está estudante, pensando, examinando o quadro. Mas eu diria que ele é um nome viável do meu ponto de vista”, respondeu Garibaldi Filho quando questionado no programa Jornal do Dia, da TV Ponta Negra, se a preferência dele para ser o candidato do PMDB no próximo ano era mesmo o empresário potiguar. (Jornal de Hoje)

Para Vivaldo Costa PMDB faz só ‘pantim’
O deputado Vivaldo Costa, do PROS, afirmou que a chapa idealizada pelo presidente do PMDB, Henrique Eduardo Alves, citando o nome do ex-senador, Fernando Bezerra como possível candidato a governador do Estado nas eleições do próximo ano “é uma estratégia para posteriormente substituí-lo por um Alves”. O deputado deu essa declaração ao participar do seu programa diário na Rádio Caicó AM. (Jornal de Hoje)

Portalegre e a polêmica do IPTU
A secretaria de tributação de Portalegre enviou cartas de cobrança do IPTU. Além do reajuste do imposto, os proprietários dos imóveis foram surpreendidos pela cobrança dos exercícios de 2010 e 2011. A revolta é generalizada e o que mais gerou polêmica é o fato de que as contas do IPTU de 2012 não fizeram quaisquer referências aos débitos agora cobrados. Além disso, não foi informada a base de cálculo para a cobrança retroativa. É provável que muitas cobranças sejam judicializadas.

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Outro aspecto bastante ressaltado é que muitos proprietários não teriam recebido as cobranças de 2010 e 2011. Ou seja, não foram citados ou cobrados nos respectivos exercícios (como se explicar isso: a prefeitura teria lançado os proprietários no cadastro de devedores sem citação ou cobrança?), mas se tornaram devedores em 2013. A súmula 397 do STJ informa que as notificações de lançamento do imposto serão entregues aos contribuintes pelos Correios - em forma de carnê de pagamento. Bem, creio que os insatisfeitos tem que procurar os Correios para verificar se o órgão fez as entregas das cobranças ou exigir, judicialmente, que a prefeitura apresente o contrato feito com os Correios para realização de tal serviço.

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Especula-se também que a BANCA DE ADVOGADOS contratados recentemente pela prefeitura por mais de dois milhões de reais é para atuar nas cobranças judiciais dos impostos.

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Outro detalhe. A conta chegou agora no final de dezembro e o Decreto n º. 22/2013 informa que o contribuinte poderia parcelar a conta em três meses. Como? Se o vencimento é 31-12-13? Que confusão. Veja também o Decreto 19/2013.


IPTU 4
Nunca é demais relembrar que a revisão feita pela prefeitura em 2011 criou muita confusão. Será que a barbeiragem da época ainda tem repercussão no IPTU de 2013? 

o seu futuro e a previdência própria

O tema é uma das minhas paixões. Portanto, peço permissão ao leitor para falar na primeira pessoa. Entrei por concurso público na previdência federal em 1976. Concurso realizado pelo velho IAPI, empossado já no novo instituto que nasceu da fusão dos chamados IAPs, que viraram INPS.
O INPS era um órgão superavitário. Tão grande que criaram um ministério e várias autarquias. O INPS cedeu espaços para o IAPAS, INAMPS, Funabem, Dataprev, LBA – o escambau.
Continuou tão forte que o presidente do INPS aparecia mais na mídia do que o próprio ministro da Previdência. Criaram o SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social. Não funcionou. E seu patrimônio foi sendo abalado. Desapareceram as siglas e restou o INSS.
Estou falando do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) – a previdência do trabalhador privado.
Ai surgiu a necessidade de criação do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) para cuidar da previdência do funcionalismo público. No plano federal, estadual e municipal o sistema foi implantado com base na legislação de 1997. O Rio Grande do Norte implantou o seu em outubro de 2005. E vai muito bem, obrigado.
Agora começam a surgir os “rombos”, as “fraudes”, a má gestão. O jornal O Globo diz hoje que 10 milhões de servidores públicos (estaduais e municipais) estão com suas aposentadorias ameaçadas pela insolvência dos institutos de previdência de uma dezena de Estados e de 186 prefeituras que optaram pelo regime próprio. Tamanho do buraco: R$ 78 bilhões.
Fico a imaginar o tamanho da pressão diária exercida sobre o gabinete do ministro Garibaldi Filho. Essa gente certamente teve suspenso o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP), sem o qual não levanta um centavo de convênios firmados. Daí parte-se para as batalhas judiciais contra o Ministério da Previdência para continuar a receber recursos (transferências voluntárias) da União, além do acesso ao crédito em bancos públicos.

Pior do que nos anos 90

Extraio de O Globo o seguinte dado bombástico:
“Os problemas já estão começando a acontecer”, disse Leonardo José Rolim Guimarães, secretário Nacional de Políticas de Previdência Social, em depoimento no Senado na semana passada. “Acreditamos que isso possa ter um impacto muito grande para o país, num futuro muito breve. Talvez, com consequências similares ou maiores do que tivemos na década de 90 com a crise da dívida dos Estados, quando a União teve que socorrer vários que estavam às portas da quebradeira.” Otoni Gonçalves Guimarães, diretor do Departamento dos Regimes de Previdência no Serviço Público, completou: “Não dá mais para se falar em tolerância com regimes sem perspectiva de sustentabilidade no longo prazo e também com gestão sem qualificação técnica e profissional”.

Má gestão e omissões

Claro que há má gestão, mas só isso não justifica a bandalheira (fraudes de R$ 2 bilhões cometidas por governantes e gestores de 117 institutos). Ouve grave omissão dos conselhos constituídos ao permitirem negócios com títulos “podres”.
Peço permissão para, de forma breve, narrar minha passagem no IPERN (Instituto de Previdência dos Servidores do Rio Grande do Norte), de fevereiro de 2007 a julho de 2008. Já encontrei a casa arrumada pelo meu antecessor, advogado Paulo Linhares, responsável pela condução da nova previdência, o Regime Próprio do RN.
Implantei o Fundo Previdenciário (que cuida do futuro, recursos para prover futuras aposentadorias dos funcionários de todos os órgãos e poderes que ingressaram no serviço público a partir de 25/10/2005). Ao sair, em julho/2008, o Fundo Previdenciário já acumulava R$ 37 milhões.
O novo titular do IPERN, José Marlúcio, implantou os conselhos Fiscal e de Previdência Social, integrados por representantes de todos os órgãos e poderes, policiais, servidores ativos, aposentados e pensionistas. Cabe as estes conselhos acompanhar, mês a mês, as receitas e as despesas. O Fundo Previdenciário do Rio Grande do Norte acumula hoje mais de R$ 700 milhões. Grana que não pode ser mexida.
A situação do RPPS é tão sólida que o Rio Grande do Norte nem precisa aderir à Previdência Complementar, criada recentemente.
Se a nova previdência já apresenta “rombos” em uma dezena de Estados e em quase duzentos municípios, houve conluio dos gestores com os conselheiros. Não há outra explicação.

Em tempo: mensalmente, com seus respectivos CPFs, os dirigentes desses órgãos de previdência e os chefes do Poder Executivo encaminham relatórios ao Ministério da Previdência.
Ponteio

Déficit da Previdência sobe 10% no ano a R$ 56,3 bilhões

A Previdência Social registrou um déficit de 4,983 bilhões de reais em novembro de 2013. Esse número representa a diferença entre uma arrecadação de 25,674 bilhões de reais e despesas de 30,658 bilhões de reais no período. O resultado do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) de novembro foi divulgado nesta quinta-feira pelo Ministério da Previdência Social (MPS).
No acumulado entre janeiro e novembro, a Previdência registra déficit de 56,307 bilhões de reais, número que reflete a diferença entre 270,044 bilhões de reais de arrecadação e 326,351 bilhões de reais de despesas. O resultado representa um aumento de 9,9% em relação ao mesmo período de 2012. Nessa conta, os valores são corrigidos pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). 

Em novembro de 2013, a Previdência Social pagou 31,053 milhões de benefícios, sendo 26,880 milhões previdenciários e acidentários e, os demais, assistenciais. Houve elevação de 3,5% em comparação com o mesmo mês do ano passado, considerando os benefícios do Regime Geral. As aposentadorias somaram 17,5 milhões de benefícios.
O valor médio dos benefícios pagos pela Previdência, no período de janeiro a novembro de 2013, foi 1.004,01 reais.
(Com Estadão Conteúdo)
Leia também:

organizando a vida: que tipo de documento precisa ser guardado? por quanto tempo?

Estamos chegando ao final de mais um ano e no início do próximo começa a busca por documentos para declaração do Imposto de Renda e o cumprimento de tantas outras atribuições.

Contas e mais contas para pagar e, em algumas oportunidades, acabamos por ficar na dúvida do que deve ser guardado para fins de comprovação posterior.

Outra dúvida frequente é saber por quanto tempo guardar cada documento.

A seguir, disponibilizo um link com algumas sugestões: AQUI

Caso tenha alguma dúvida adicional, o melhor e mais seguro, é organizar tudo em pastas e guardar tudo que considere importante.

educação e crescimento

Subestimar a importância da educação para o crescimento é uma constante no Brasil, principalmente na esquerda
Esta é a terceira coluna que trata do tema da educação e crescimento. A importância do assunto, para mim, está no fato de que há uma percepção bem estabelecida por diversos pensadores brasileiros de que a educação é mais resultado do crescimento do que causa.
Somente para mencionar o mais influente de todos, esse era certamente o entendimento de Celso Furtado. Na sua obra, em mais de 30 títulos publicados ao longo de mais de quatro décadas sobre o subdesenvolvimento brasileiro e latino-americano, não há nenhuma menção à importância da educação para o crescimento.
Assim, subestimar a importância da educação para o crescimento é uma constante no pensamento econômico brasileiro, em particular para os economistas com uma visão à esquerda.
Na primeira coluna mostrei como a forte associação entre maiores salários e maiores níveis educacionais é causal. Mais educação dota o trabalhador de habilidades que elevam a sua produtividade e, consequentemente, elevam o salário.
Na coluna seguinte abordei as dificuldades de associar, em termos agregados, elevações da escolaridade com crescimento. O motivo é a dificuldade de obter bases de dados amplas, para diversos países e variados pontos no tempo, dos anos de escolaridade da população trabalhadora.
A academia anda. Hoje já temos bases de dados relativamente boas para diferenças de qualidade da educação. Qualidade entendida com o desempenho dos alunos em testes padronizados de matemática, leitura e ciências.
Com essas novas bases de dado de boa qualidade, observa-se uma associação fortíssima entre qualidade do sistema educacional e crescimento econômico.
Finalmente, há inúmeras evidências que sugerem que a relação entre qualidade da educação e crescimento econômico é causal. A melhora da qualidade causa aceleração do crescimento, e não o oposto. Os estudos utilizam diversas técnicas econométricas diferentes, que conseguem superar a grande dificuldade estatística de estabelecer nexos causais.
Em particular, há evidências de que o crescimento econômico e a consequente expansão da renda não são importantes para melhorar significativamente a qualidade da educação.
Recentemente meu colega Marcelo Miterhof, que ocupa este espaço às quintas-feiras, levantou o que seria uma interessante evidência sugerindo causalidade reversa, contrária à evidência no parágrafo anterior.
O recente relatório da OCDE com os resultados do Pisa (Programme for International Student Assessment) mostrou que boa parte do avanço nos resultados dos estudantes brasileiros deve-se à melhora das condições socioeconômicas das famílias. Seria, portanto, segundo Miterhof, evidência de que melhora educacional é mais consequência do que causa do crescimento.
Ao menos dois motivos sugerem que essa argumentação é muito pouco convincente.
Primeiro, um dos elementos que explicam o ganho de renda das famílias e, consequentemente, das condições socioeconômicas é a melhora educacional dos pais. Como mostrei na coluna do dia 1º, há sólida evidência de que maior educação causa ganhos de renda.
O segundo motivo é que uma das variáveis mais importantes para caracterizar condições socioeconômicas é a educação dos pais.
Há sólida evidência de que a educação dos pais, principalmente a da mãe, está associada ao melhor desempenho dos filhos na escola. Sabe-se que pais mais educados conseguem construir ambiente doméstico que favorece o desempenho escolar dos filhos.
Ou seja, o resultado é inverso. Há efeitos positivos adicionais da educação sobre o crescimento além dos impactos diretos da educação sobre a produtividade da pessoa na sua atividade profissional. O esforço educacional de uma sociedade também contribui para que se melhore a qualidade dos pais.
Como o que importa para a relação entre crescimento e educação é a qualidade, esse efeito indireto de difícil mensuração deve ser muitíssimo importante.
Fonte: Folha de S. Paulo

2014: justiça custará 100 milhões por dia

STF_1 copy“Nunca antes na história desse país” o Judiciário brasileiro foi acompanhado tão de perto pela população brasileira. O julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal trouxe a tona a importância das decisões desse poder, as discordâncias entre ministros e finalmente colocou gente poderosa atrás das grades. Os custos para mantê-lo, no entanto, não são baixos. Segundo a previsão orçamentária para 2014, o Judiciário deve custar R$ 94,4 milhões por dia.

Os valores constam no projeto de Lei Orçamentária Anual para o ano que vem. Segundo a previsão, o Judiciário custará R$ 34,4 bilhões aos cofres públicos em 2014. O levantamento realizado pelo Contas Abertas levou em consideração o orçamento do Conselho Nacional de Justiça, as justiças do Trabalho, Eleitoral, Federal e Militar da União. Além disso, também foram contabilizados os orçamentos do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, e, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Os valores computados não levaram em consideração possíveis emendas incorporadas ao orçamento aprovado.

A maior parcela dos gastos referentes ao Judiciário são destinados ao pagamento de pessoal e encargos: R$ 26,2 bilhões estão previstos para o ano que vem. A segunda maior previsão de dispêndios” é com “outras despesas correntes”, que devem ser de R$ 6,9 bilhões. Os gastos com essa categoria de despesas são para a manutenção das atividades dos órgãos. Os exemplos mais típicos de compras são material de consumo, material de distribuição gratuita, passagens e despesas de locomoção, serviços de terceiros, locação de mão de obra, arrendamento mercantil, auxílio-alimentação, etc.

Já os investimentos previstos para o próximo ano devem chegar a R$ 1,3 bilhão. O valor será destinado a aplicação de capital em meios de produção, visando o aumento da capacidade produtiva (instalações, máquinas, transporte, infraestrutura).

A esfera que lidera o ranking de gastos no Judiciário é a Justiça do Trabalho. Com o Tribunal Superior do Trabalho, 24 Tribunais Regionais e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho serão gastos R$ 15,3 bilhões em 2014. Cerca de 81,3% dos recursos serão destinados ao pagamento de pessoal e encargos. O restante está divido entre despesas correntes (R$ 2,3 bilhões) e investimentos (R$ 584,3 milhões).

O segundo maior orçamento é da Justiça Federal, que deverá contar com R$ 8,9 bilhões.

A Justiça Federal tem competência para o julgamento de ações nas quais a União, suas autarquias, fundações e empresas públicas federais figurem como autoras ou rés, bem como intervenientes de qualquer natureza. Os recursos estão divididos entre Justiça Federal de Primeiro Grau (R$ 7,1 bilhões) e para os tribunais federais na 1º, 2º, 3º, 4º e 5º região, que possuem orçamento de R$ 400,7 milhões, R$ 340,3 milhões, R$ 504,7 milhões, R$ 308 milhões e R$ 192 milhões, respectivamente.

A Justiça Eleitoral, que possui 29 unidades orçamentárias vinculadas, é a terceira maior força em termos orçamentários, com a previsão de gastos em torno de R$ 5,9 bilhões. A Justiça Militar da União tem orçamento projetado em R$ 434,7 milhões.

Tribunais
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) possui previsão de R$ 2 bilhões para serem utilizados no orçamento de 2014. Já o Supremo Tribunal Federal (STF) irá contar com R$ 564,1 milhões para o ano que vem, dos quais R$ 324,1 milhões serão destinados ao pagamento de pessoal e R$ 200,6 milhões para outras despesas correntes. Já o Superior Tribunal de Justiça (STJ) contará com orçamento de R$ 1,1 bilhão no próximo exercício.

Outros números
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgou, em outubro, a pesquisa Justiça em Números 2013. O levantamento faz anualmente uma radiografia detalhada do Poder Judiciário do país. De acordo com os dados, referentes a 2012, de cada 100 processos somente 30 foram baixados. Entre as conclusões da pesquisa, o CNJ aponta que o principal problema da Justiça é a dificuldade de solucionar processos antigos.

De acordo com o estudo, em 2012, 92 milhões de processos tramitaram na Justiça, e a taxa de acúmulo de ações ficou em 70%, número estável em relação a quatro anos anteriores. Segundo o CNJ, a taxa é elevada devido à pendência de processos que estão na primeira instância do Judiciário. A aglomeração sobe para 80% nas ações em fase de execução.

“O crescimento da demanda não tem possibilitado que esforços para julgar e baixar processos sejam suficientes. Mais especificamente, ao se analisar o crescimento do quantitativo dos casos novos junto com os indicadores de magistrados e servidores, observa-se que a maioria dos tribunais, com exceção da Justiça Federal, não consegue dar vazão aos processos em relação ao estoque existente”, concluiu o levantamento.

Os processos de execução fiscal representam 32% de toda a tramitação do Poder Judiciário, além de 40% do estoque pendente. São as ações que mais demandam o Judiciário. “A principal dificuldade da execução fiscal consiste na liquidação do estoque que cresce ano após ano. De cada 100 processos em tramitação, apenas 11 são baixados no decorrer do ano”, aponta a pesquisa.

Segundo o Justiça em Números 2013, o acúmulo de processos se concentra na Justiça Estadual. “Verifica-se nesse ramo relativa desproporcionalidade dos recursos financeiros e humanos em comparação aos litígios, já que [a Justiça Estadual] conta com 55% das despesas do Poder Judiciário Nacional, 70% dos magistrados, 66% de servidores, no entanto, concentra 78% dos processos em tramitação”, expõe o relatório.

- Contas Abertas

renan é o que é...

Angeli/Folha

- Charge do Angeli, via Folha.
Vai reproduzido abaixo o artigo levado às páginas pelo repórter Elio Gaspari. O texto vale o feriado. Anota, com outras palavras, que Renan Calheiros , como o ovo, é o que é. Uma vez frito, não é possível desfritar:
AspasPequenas
A repórter Andréia Sadi revelou que o presidente do Senado, doutor Renan Calheiros, preocupado com sua cabeça, requisitou um jato da FAB para voar de Brasília a Recife, onde fez um implante de 10 mil fios de cabelo. Quem nestas festas viajou com seu dinheiro deve perceber que esse tipo de coisa só acabará pela associação dos direitos de voto e de manifestação em torno de políticas públicas. Só com o voto isso não muda. Pelo voto, Renan começou sua carreira política em 1978, elegendo-se deputado estadual pelo MDB de Alagoas.

Renan Calheiros é um grão-mestre da costura política. Foi líder do governo de Fernando Collor de Mello e ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso. Desde 2003 é um pilar da coligação petista no Congresso. Pertence a uma categoria imune à vontade popular. Ela pode ir para onde quiser, mas ele continuará no poder, à sua maneira. 
Como ministro da Justiça do tucanato, tendo seu nome exposto na Pasta Rosa dos amigos do falecido banco Econômico, defendeu o uso do Exército para reprimir saques de famintos durante a seca de 1998. Politico da Zona da Mata alagoana, estava careca de saber que tropa não é remédio para esse tipo de situação. Nessa época, dois de seus irmãos foram acusados de terem mandado chicotear um lavrador acusado de roubar um aparelho de TV numa fazenda. Um desses irmãos elegeu-se deputado federal. Entre 1998 e 2006 teve uma variação patrimonial de 4.260%, amealhando R$ 4 milhões.
Renan teve uma filha fora do matrimônio quando ganhava R$ 12.720. A mãe da criança era ajudada por uma empreiteira amiga que lhe dava uma mesada de R$ 16,5 mil. Por causa desse escândalo por pouco não foi cassado, mas renunciou à presidência do Senado. Reelegeu-se e voltou à cadeira que já foi de Rui Barbosa prometendo uma agenda ética, de “transparência absoluta”. 
Contudo, como diz o senador Edison Lobão Filho, filho e suplente do senador Edison Lobão, ministro de Minas e Energia, “a ética é uma coisa muito subjetiva, muito abstrata”. Nesse mundo de abstrações, Renan, vendo a despensa de sua casa concretamente desabastecida, mandou abrir um pregão de R$ 98 mil para a compra de salmão, queijos, filé-mignon, bacalhau e frutas. Apanhado, cancelou a compra.
Renan não é um ponto fora da curva. Ele é a própria curva. Em 2005, como presidente da Casa, deu sete cargos de R$ 10 mil a cada colega. Seu mordomo ganha R$ 18 mil. Em julho, quando ainda havia povo na rua, usou um jatinho da FAB para ir a um casamento em Trancoso. Apanhado, devolveu o dinheiro. Passados cinco meses fez o voo do implante.
Estabeleceu-se uma saudável relação de causa e efeito entre esse tipo de comensal da Viúva e a opinião pública. Eles não se corrigem, mas, uma vez denunciados, recuam. São muitos os maganos que não toleram saguão de aeroporto, despensa vazia e parente desempregado. Nessas práticas, é fácil colocá-los debaixo da luz do sol. Quando se trata de convênios, contratos de empreiteiras e grandes negócios, a conversa é outra.
Em 2014 a turma que paga as contas irá as urnas. Elas poderão ser um bom corretivo, mas a experiência deste ano que está acabando mostra que surgiu outra forma de expressão, mais direta: “Vem pra rua você também”.
via blog do josias

brasileirão no tapetão


Se Portuguesa e Flamengo se salvarem, o resultado do campo será mantido e o campeão brasileiro de 2012 passará 2014 na segunda divisão
Em clima de final de campeonato, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) se reúne nesta sexta-feira, a partir das 11 horas, para decidir o destino de quatro participantes do Brasileirão 2013 (sem contar o Cruzeiro, que também será julgado mas não corre risco algum de perder o título conquistado dentro de campo). 
Serão avaliados quatro casos: pela ordem, Vasco da Gama, Portuguesa, Flamengo e Cruzeiro enfrentam o julgamento do pleno do STJD, formado por nove pessoas. 
Apesar da expectativa da torcida da Portuguesa, que se mobilizou e foi às ruas para pedir a reversão da decisão que derrubou o clube à Série B, poucos especialistas acreditam que será possível mudar o placar do julgamento em primeira instância, em que a equipe paulista foi derrotada por 5 a 0. O que significa dizer que, apesar do clima de decisão, é muito improvável que o Brasileirão termine na sessão desta sexta, que vem sendo tratada como a "40ª rodada" do campeonato (depois de 38 rodadas de futebol, a "39ª" foi o primeiro julgamento na sede do STJD, no Rio de Janeiro). A Portuguesa promete não desistir de lutar por sua manutenção na primeira divisão, nem que isso signifique recorrer à Justiça comum no ano que vem. O Brasileirão de 2013, portanto, só terminará de verdade em 2014.
A decisão unânime que condenou a Portuguesa à perda de quatro pontos pela escalação irregular de Héverton na última rodada, salvando o Fluminense de nova incursão à Série B, não significa que a reversão do placar seja impossível na apreciação do caso pelo pleno do STJD. 
O problema é que, mesmo com o surgimento de novas linhas de defesa dos paulistas - como a que atribui a responsabilidade pelo erro à CBF, que não notificou corretamente o clube da suspensão dada a Héverton -, um julgamento favorável à Portuguesa é visto como pouco provável, já que a tendência é de que o pleno siga a mesma interpretação do Código Brasileiro de Justiça Desportiva para manter a perda dos pontos. 
Caso a Portuguesa consiga de alguma forma convencer o STJD a retirar a punição, quem pode se dar mal é o Flamengo, que também perdeu quatro pontos e corre risco de ser rebaixado - basta que os paulistas recuperem seus pontos e o recurso do clube carioca não seja aceito. Assim como no primeiro julgamento, outro grande interessado na sessão é o Fluminense, que terá seu futuro colocado em jogo na sexta. Se as decisões de primeira instância forem mantidas, o clube se salva do descenso. Se Portuguesa e Flamengo se salvarem, o resultado do campo será mantido e o campeão brasileiro de 2012 passará 2014 na segunda divisão.
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Veja.com

Retrospecto e Perspectivas

Afim de responder às clássicas dúvidas de fim de ano – Onde estamos? Para onde vamos? – é interessante recuar no tempo e identificar quatro enredos paralelos e interligados, todos a partir de fenômenos fora do nosso controle, que condicionaram : as escolhas feitas pelas autoridades na última década. Em razão dessas decisões, o ano de 2013 vai chegando ao fim com uma quantidade de dúvidas e maus bofes como há muito não se via. Será com essas mesmas ideias que a presidente vai se apresentar para postular sua recondução à Presidência? Os investidores estão inquietos com a ideia de “mais do mesmo”.
Mas vejamos, para começar, os quatro presentes que o destino nos reservou e o que fizemos deles:
1. A internacionalização da economia. A globalização abraçou o País de forma vigorosa, mesmo antes de qualquer retribuição muito clara. Em 1995 o País abrigava 6.322 empresas com participação estrangeira e o valor desses investimentos era de cerca de 5% do PIB. Em 2010, o número de empresas ultrapassava os 17 mil, e o valor dos investimentos atingiu 27% do PIB. Essas empresas empregavam 24% do pessoal ocupado no País em 2010, o que significava essencialmente que o PIB per capita do trabalhador empregado nessas empresas era de aproximadamente R$ 400 mil, ao passo que a média para o Brasil era dez vezes menor. É como se o País tivesse “engravidado” de uma participação mais ativa e produtiva na economia globalizada, mas a ocorrência e a extensão do fenômeno ainda estariam na dependência das condições dadas a essas empresas para produzir e empregar no Brasil.
2. O fator China. Entre 1998 e 2012, o comércio mundial mais que dobra e os relatos sobre “offshoring” (relocalizar etapas da cadeia produtiva em países mais competitivos, geralmente asiáticos) levam a crer que o comércio “intrafirma” (entre empresas relacionadas) se torna dominante para manufaturas. As exportações brasileiras quase quadruplicam nesse período, mas especialmente em razão das relações de troca, ou de preços espetaculares para muitas commodities. A China cresce sua participação no comércio brasileiro de 2% a 20% no período.
3. Bônus demográfico. A queda na taxa de fertilidade anos atrás mudou significativamente o perfil etário da população, engordando a parcela em idade de trabalhar. Muitas famílias numerosas de baixa renda passam à situação em que todos os seus membros estão no mercado de trabalho, produzindo notável incremento na renda, consumo e endividamento familiar e, consequentemente, redução da desigualdade. Essa ascensão da classe C é uma criatura da demografia e uma ótima notícia, e por isso o governo quer a sua paternidade.
4. Bancos capitalizados. O sistema bancário, logo após os ajustes efetuados na segunda metade dos anos 1990, estava pronto e capitalizado para uma expansão acelerada como de fato ocorre a partir de 2003. O crédito bancário mais que dobra de tamanho como porcentual do PIB nos dez anos posteriores, sem que isso representasse deterioração da qualidade dos ativos do sistema. Era a contrapartida da elevação do endividamento familiar (e da sensação de bem-estar inerente à ascensão da classe C), que também dobra de tamanho nesses anos, sem que isso aumentasse muito o comprometimento de renda das famílias com o serviço da dívida.
Com esses quatro ventos a favor, as autoridades fizeram suas escolhas em matéria de políticas públicas. Para que se apoquentar com reformas quando bastava ficar parado ao sabor da ventania?
Para encurtar uma longa e triste história, houve pouca evolução nos velhos temas onde as empresas esperavam mudanças: a classificação do País no “Doing Business” (o ranking do Banco Mundial para o ambiente de negócios) não evoluiu, os programas destinados a reduzir o que se chamava de “custo “Brasil” foram descontinuados, as privatizações e as PPPs (federais) não aconteceram, a infraestrutura ficou sobrecarregada, a abertura encalhou (com regras de “conteúdo nacional”) e proliferaram engarrafamentos e incentivos “seletivos”. O resultado: o crescimento murchou e a produtividade ficou estagnada entre 2000 e 2012 em 18% do nível de produção por trabalhador nos EUA. Pior que o mau desempenho e a frustração foi se avolumando um antagonismo entre o governo e o setor privado, que atingiu o ápice em 2013, mesmo diante de recuos do governo nas encrencas associadas aos leilões de concessões. Ao fim das contas, ficou estabelecida a crença que o governo não gosta de lucro nem de capitalismo, até prova em contrário.
Na área fiscal as coisas vinham bem, ou estáveis, desde o acordo com o FMI em 1998, quando começamos a exibir um superávit primário na faixa de 3% e a melhoria fiscal permitia a redução dos juros de forma continuada e drástica. De 2003 a 2012 os juros caíram de 25% para 7% anuais com enormes efeitos positivos sobre a economia. Empresas, imóveis e ativos passaram a valer mais (pois o futuro era descontado a ; uma taxa menor, simples assim); era o processo designado como “convergência de juros”, que compreendia um papel crescente para o mercado de capitais e para o setor privado no processo de investimento.
Entretanto, nos últimos três anos, a degradação da situação fiscal inverteu essa marcha virtuosa e colocou o país caminhando decididamente para trás, sem nunca ter chegado aos 20% na taxa de formação bruta de capital fixo. A “contabilidade criativa” virou matéria de chacota e o País corre o risco de rebaixamento em sua classificação de risco soberano.
Definitivamente, a guinada heterodoxa dos últimos anos não teve sucesso em melhorar a economia.
Diante desse quadro, e tendo em vista a posição central assumida pela presidente Dilma Rousseff na definição das diretrizes da política econômica, o prognóstico para : 2014 e depois está diretamente relacionado com o resultado das iniciativas presidenciais no sentido de fazer as pazes com o capital, e mais especificamente com o discurso que a presidente trará para a sua ; campanha de reeleição. 2014 será um ano difícil se o governo insistir em sua “nova matriz macroeconômica”. Será bastante diferente se a presidente seguir conselhos que vêm de muitos de seus interlocutores e adotar posturas mais convencionais de política econômica.
Fonte: O Estado de S. Paulo

domingo, 22 de dezembro de 2013

Criação de camarões em cativeiro no RN

Criado em 1973 pelo então governador do Rio Grande do Norte Cortez Pereira, o Projeto camarão visava comprovar a viabilidade do cultivo de camarões e teve como objetivo  acabar com o desemprego das salinas incentivando os pequenos e médios produtores. As pesquisas tiveram início as margens do Rio Potengi, sendo então denominado "Núcleo Potengi". (20)           

As espécies nativas Penaeus brasiliensis e Penaeus schmitti no início serviram como fonte de pesquisa. Espécies exóticas também foram estudadas, tendo destaque as espécies P. monodon, a P. japonicus, a P.vannamei e a P. stylirostris, nativas da Ásia, América Central e Oriente. No entanto, até o final da década de 80 a espécie ideal para a carcinicultura no estado ainda não estava definida. As pesquisas sobre a reprodução, produtividade, e a resistência  à doenças mostrou ser necessária a introdução de uma espécie  que apresenta-se bons resultados em todos esses fatores. Portanto no início de 1990 foi introduzida a espécie P. vannamei que apresentou um grande sucesso no Equador, com uma grande adaptabilidade as mais variadas condições de cultivo, sendo de fundamental importância para a viabilidade do processo produtivo.   (20)

Consolidada há pouco mais de dez anos, a carcinicultura apresenta expressivos números na economia da região nordeste. Representando cerca de 97% de todo camarão produzido em cativeiro no país. Sendo o Rio Grande do Norte responsável por cerca de 29%, com uma produção de 7 mil toneladas, o que proporciona ao estado o título de maior produtor e maior área cultivada. O desenvolvimento da carcinicultura no RN é grandemente favorecido pela sua localização, próxima dos grandes mercados consumidores dos Estados Unidos  e Europa. (3)

Atualmente a criação do camarão em cativeiro constitui o principal produto de exportação do estado. Sozinho, o camarão representa 40% de toda a exportação do Rio Grande do Norte. (3)

A carcinicultura é considerado o ramo da aquicultura que mais cresce em todo o país, produzindo uma competitividade no mercado internacional e contando com apoio intenso de uma grande parcela dos setores governamentais. (8)

Entretanto, durante o processo de produção, a carcinicultura como qualquer outra atividade que tem como objetivo a produção de bens de consumo, transforma recursos naturais e conseqüentemente produz restos. E devido a produção desses restos a carcinicultura vem se tornando um problema quando são avaliadas as perdas causadas pela destruição e pelos impactos aos manguezais, tendo como conseqüências problemas ambientais e sociais, prejudicando as populações de baixa renda, que acabam sendo privadas de seu sustento.(7)                   

A educação pública do RN em 2013

A Tribuna do Norte está fazendo um balanço do ano nas principais áreas do serviço público do Rio Grande do Norte: Saúde, Educação e Segurança. Domingo passado o tema foi a Saúde e hoje, estamos publicando artigos da secretária Estadual de Educação, Betânia Ramalho e da presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação, Fátima Cardoso, que aceitaram o convite da Tribuna do Norte. 

Betânia Ramalho diz que “Após dez secretários de educação em oito anos de governo, com a negação de direitos profissionais ao corpo docente (ativos e aposentados), recuperar esses direitos foi uma prioridade”. 

Já Fátima Cardoso critica as ações da administração estadual para a área e diz que o ano 'foi perdido' e que uma greve deve ocorrer já em janeiro próximo, adiando o início do ano letivo na rede estadual de Educação. “A greve deste ano foi considerada a menor da história do Sindicato. Uma demonstração da grande vontade da categoria, através do Sindicato, em repactuar um acordo que fosse exequível. Mas o governo tripudiou com os alunos e profissionais não cumprindo o acordo feito em fevereiro/2013”. Abaixo, a íntegra dos dois artigos:

Para corrigir o rumo da Educação

Betânia Leite Ramalho - 
Secretária Estadual de Educação

A valorização da escola pública não pode ser mero discurso. Ela se constrói a cada dia com gestos, ações concretas, respeito e responsabilidades compartilhadas entre o governo, gestores, docentes e demais profissionais da educação, a família e a sociedade. Com base nesse princípio foi criado o Programa de Educação do RN (2011-2014) que orienta toda a rede e toma como referência o aluno, a escola, o ensino, o acompanhamento da aprendizagem e um plano com dimensões e metas. Para isso, o respeito e a valorização do professor foi uma das marcas desse projeto assumido por uma equipe técnica de alto nível e o apoio incondicional da governadora Rosalba Ciarlini.

 Após dez secretários de educação em oito anos de governo, com a negação de direitos profissionais ao corpo docente (ativos e aposentados), recuperar esses direitos foi uma prioridade: implantamos plenamente a Lei do Piso Nacional promovendo um reajuste acumulado de 76,8% além do recente reordenamento da carga horária docente para que os professores permaneçam 20 horas em sala de aula e dez horas em atividades pedagógicas de apoio ao alunado. 

Com isso o RN passou a ser um dos dez estados do país a cumprir, na íntegra, a Lei Nacional do Piso. Mas outros direitos represados desde o ano 2006 foram também concedidos: as promoções verticais, os quinquênios, mais de três mil aposentadorias além da liberação de duas mil licenças especiais. Outra ação de forte impacto foi o concurso público para 3.500 professores e especialistas, todos contratados substituindo um aposentado. Para o ano de 2014 implantaremos as promoções horizontais, o Porte das Escolas reajustando, consideravelmente, a gratificação dos diretores de escolas e de DIRED.

No âmbito do fundamento pedagógico, alguns documentos e ações norteadores merecem destaque: as Diretrizes Curriculares do Estado referenciadas nas Diretrizes Nacionais (em elaboração); o Plano Estadual do Livro e da Leitura, lançado recentemente; a retomada do Plano Estadual da Educação, com comissão formada; o Pacto Paulo Freire pela Educação de Jovens e Adultos; a adesão aos Pactos Nacionais: Alfabetização na Idade Certa e o do Ensino Médio. Destaca-se ainda a implementação de Programas que ampliam em até três  horas a permanência dos estudantes na escola: Mais Educação (nível do Ensino Fundamental), Ensino Médio Inovador, Cursos de Formação para o trabalho PRONATEC. Já o Ensino Médio Noturno Diferenciado, destinado ao estudante trabalhador tem sido uma referência nacional.

A pesquisa como princípio pedagógico e formativo tem dado impulso à Iniciação Científica trazendo reconhecimento e visibilidade aos professores e estudantes que, a cada ano, têm conquistado prêmios em feiras de ciências nacionais e internacionais e em Olimpíadas. Professores têm sido premiados nacionalmente e gestores de escolas se destacam entre os melhores do país.

No Plano do apoio à gestão escolar e da infraestrutura muito foi realizado: mais autonomia às escolas, aumentando os recursos do caixa escolar; recuperação de mais de 220 prédios escolares e construção de dez centros de educação profissional. A reforma do Colégio Atheneu, já iniciada e do Ginásio do DED, em Candelária, assim como a construção de 53 ginásios esportivos e a aquisição de 266 novos ônibus escolares compõem parte importante do projeto da SEEC.

O Sistema Integrado de Gestão da Educação – SIGEduc vem modernizando as rotinas escolares com a matrícula online, o diário de classe. Será, muito em breve, um grande portal da transparência e um inovador instrumento de acompanhamento das rotinas escolares e das  atividades de gestão.  Outro Projeto em curso é o GIGA Metrópole que criará a rede de fibra ótica envolvendo todas as escolas públicas da grande Natal, dando suporte tecnológico e velocidade para o acesso à Internet. A cooperação entre o MEC, a UFRN e a SEEC tem sido um modelo inovador de parceria.

Muito vem sendo feito. Muito a fazer. Perseverar e ter um rumo a seguir é uma das chaves do projeto de Educação do Estado.

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Ano perdido para a Educação

Fátima Cardoso - 
Presidente do Sinte-RN

Se fosse uma pessoa física, a educação pública do Rio Grande do Norte mostraria ao final de 2013 as dramáticas marcas de maus tratos em seu corpo e em sua alma.  Marcas que têm como símbolo vivo os escombros dos tetos de três escolas que desabaram apenas neste último mês do ano.

A situação de sucateamento da parte física das escolas é uma fratura exposta aos olhos de toda a sociedade. E o que dizer da alma? Comparando com o que lutamos e almejamos para nossos alunos, 2013 foi um ano perdido.

A quantidade de alunos que terminaram o ano sem ter sequer uma aula em várias disciplinas é revoltante.  No caso da Escola Estadual Jorge Fernandes, os alunos foram brindados com um arranjo labrojeiro de final de ano: a aprovação forçada através de notas arbitradas por um professor que chegou à escola apenas na última quinzena de dezembro.

Enquanto o direito ao aprendizado padecia de inanição, profissionais habilitados para isso, devidamente concursados, esperaram em vão a chamada para preencher as vagas que gritavam sua presença.

Faltaram profissionais do ensino, mas também escolas.  Na contramão do projeto federal de expansão de unidade educacionais como os IFs, em nível estadual tivemos fechamento de escolas. Ao mesmo tempo, o governo firmava convênio com o Ministério da educação para a ampliação e reforma das unidades escolares.  

Absurdo? Pois tem mais: outros convênios foram celebrados com o MEC na área de apoio pedagógico, aquisição de equipamentos, o censo escolar, laboratórios, acervo bibliográfico... Simplesmente para nada! Não houve o menor reflexo na realidade escolar em nosso Estado.

A função social da escola no governo Rosalba se limitou ao melancólico e superficial sistema de matrículas informatizadas, no grande gasto com a implantação de um programa doado pela UFRN e no gasto de uma fortuna para implantação do ponto eletrônico. Ah, e também à propaganda para tentar nos convencer de que priorizar a educação é apenas isso.

 Massacrada em corpo e alma, a escola pública não poderia oferecer outro resultado: nossos alunos/vítimas amargaram um vergonhoso último lugar nos exames nacionais de desempenho.

Para profissionais da educação, foram três anos de desencanto. A regra geral foi: falta de condições de trabalho e de valorização profissional. Somos uma categoria propensa ao envelhecimento precoce e às doenças físicas e psíquicas causadas pela de insalubridade no trabalho.   O salário é vergonhoso, os direitos são negados, os avanços são tolhidos.

Mas lutamos, resistimos! A greve deste ano foi considerada a menor da história do Sindicato. Uma demonstração da grande vontade da categoria, através do Sindicato, em repactuar um acordo que fosse exequível.  Mas o governo tripudiou com os alunos e profissionais não cumprindo o acordo feito em fevereiro/2013 e repactuado em agosto. A pauta antiga teve apenas um item sendo parcialmente cumprido por força de lei.

Um quadro de imobilidade e desrespeito que levou a categoria a indicar a deflagração de mais uma greve por tempo indeterminado já a partir do dia 22/01/2014. Como se pode ver, 2014 já começará com luta e isso, por si só, já dá uma amostra do que se pode esperar:  uma batalha sem trégua para salvar a educação pública do RN, que hoje agoniza abandonada.

TN

Temos que concluir que os relatos não se compatibilizam em nenhum ponto. A secretária afirma que o estado cumpre o piso nacional, que fez concurso e chamou professores, já a sindicalista afirma que não ocorreu nenhum tipo de valorização salarial e que inúmeros alunos terminaram o ano sem aulas de diversas disciplinas. A secretária escreveu sobre reformas de escolas e investimentos, já a sindicalista escreveu sobre escolas que viraram escombros. Nem parece que escreveram sobre o mesmo sistema educacional.

Que o Jornal apure as incongruências.

Só um reparo: o resultado negativo num exame qualquer não pode ser creditado somente ao insucesso dos alunos. Todos são responsáveis, principalmente docentes e dirigentes.