quarta-feira, 9 de abril de 2014

A produção de cana-de-açúcar no Rio Grande do Norte sofreu nova queda este ano

A quebra na última safra foi de 9% se comparado com o que foi produzido em 2013.  O volume de cana moída no Estado, considerando as duas principais  usinas do RN, caiu de 2,2 milhões de toneladas para pouco mais de 2 milhões de toneladas. A seca e a falta de investimento no setor são apontadas como causas para o declínio na produção. Demissões após a safra chegam a quase 100%.

Dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) apontam um histórico desfavorável na produção em terras potiguares. No intervalo dos últimos cinco anos, a queda é de 42%, uma das maiores na região Nordeste. Os números impactam principalmente na economia dos municípios de Baía Formosa e Arês. No primeiro, está instalada a usina Vale Verde. A usina Estivas está no segundo município.

De acordo com a Cooperativa dos Plantadores de Cana-de-açúcar do Rio Grande do Norte (Coplacana/RN), a maior quebra de safra foi registrada na usina Estivas. A capacidade de produção no local é de até 2 milhões de toneladas, no entanto, na safra que teve colheita e moagem encerrada no dia 15 de março, a produção atingiu 1,3 milhão de tonelada. Na usina Vale Verde – onde a capacidade total gira em torno de 1,2 milhão de tonelada – foram moídas 782 mil toneladas da matéria-prima.

O período para o setor sucroalcooleiro é considerado de crise. Parte do canavial secou, em função da falta de chuva, e a produção de cana, álcool e açúcar registra queda nas última safra. Para o presidente da Coplacana/RN, Adriano Tavares, além da estiagem, o que está gerando a má fase no setor é a falta de investimentos. “Faltam incentivos por parte dos governos Estadual e Federal para o nosso setor. Além da estiagem, temos esse problema que acaba atingindo nossa produção”, colocou. Com relação à estiagem, as notícias para o setor sucroalcooleiro são animadoras. O volume de chuva que caiu no Estado durante o primeiro trimestre do ano ficou um pouco abaixo do esperado, mas a expectativa da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) é a de inverno dentro da normalidade, com chuvas previstas até agosto.

Embora as chuvas caiam como esperado, o setor levará pelo menos três anos para recuperar o que perdeu. E a desaceleração da atividade sucroalcooleira já afeta o comércio local. Em Ceará-Mirim, onde está localizada a usina SãoFrancisco/ Ecoenergia – sob intervenção desde 2010 – as vendas recuaram 40%. Em Baía Formosa, onde a economia também se apoia na pesca e no turismo, as vendas no comércio caíram 20% desde meados de 2012.

Demissões
Segundo a Associação de Plantadores de Cana do Estado (Asplan), quase 100% da mão de obra empregada durante a safra foi demitida. Antes da seca, o setor dispensava metade dos funcionários para depois contratá-los. “Já não se sabe quantos retornarão aos canaviais. As contratações só devem acontecer em junho”, afirmou Renato Lima, presidente da entidade. 

“Após a safra, praticamente todos os trabalhadores foram demitidos”, completou. A reportagem tentou contato com o Sindicato da Indústria de Álcool dos Estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí (Sonal) para comentar as projeções e situação atual, mas os diretores não estavam disponíveis.

TN

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