segunda-feira, 17 de agosto de 2015

governador diz que se rn perder hub será por ingerência política

No começo do discurso, Robinson mostrou preocupação com a reunião, há poucos dias, do senador Eunício Oliveira, do PMDB do Ceará, com seu genro, recém-nomeado diretor da Anac, responsável pela regulamentação de voos, com a diretoria da TAM e da LAN Chile.
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O governador Robinson Faria alertou para um desabafo chamando atenção dos senadores e deputados presentes.

E lembrou para uma etapa da disputa de caráter de prestígio político.

Robinson falou sobre o RN como produtor de querosene de aviação, e disse que, pelo que já estava sendo discutido, o interessante seria reduzir o preço do combustível, já que a presidente da TAM chegou a dizer que a Petrobras não vai levar em consideração o fato do RN produzir o querosene.

Para Robinson, é preciso que a classe política cobre da Petrobras que leve em consideração o diferencial do Estado como produtor do combustível de aviação.

Robinson pede atenção do prestígio do ministro do Turismo, Henrique Alves e da bancada federal.

“Deixo aqui a preocupação, mas continuo bastante otimista”, disse o governador, lembrando que todas as consultorias apontam o Rio Grande do Norte como o estado mais indicado para sediar o centro de conexões.

“Se o Rio Grande do Norte perder o hub, não será por falta de ação do governo que está fazendo o que é possível para conquistar o hub. Se perdermos será por ingerências políticas", disse Robinson.
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O ministro do Turismo, Henrique Alves, disse ao encerrar sua fala na mesa redonda para debater sobre hub, que a presidente da TAM, Cláudia Sender lhe comunicou que recebeu os resultados de consultorias encomendadas a empresas inglesa e americana.

Nos documentos, segundo Cláudia, estão todos os prós e contras dos 3 aeroportos que disputam a sede do centro de conexões: São Gonçalo, Recife e Fortaleza.

Henrique disse que a presidente da TAM vai convocar governadores e prefeitos dos estados e cidades envolvidos para uma reunião agora em setembro, para apresentação dos resultados das consultorias.

Henrique disse que já foi convidado para participar da reunião, não como representante do RN, mas como ministro.

Os resultados das consultorias estão com a presidente da TAM desde terça-feira.

blog THAISA GALVÃO
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Parece evidente que ainda persiste uma verdadeira queda de braço entre Henrique e Robinson.

O governador quer a ajuda do ministro, mas tenta descolar uma provável conquista do hub de qualquer interferência de Henrique, mas é provável que não deixará de distribuir responsabilidades em caso de insucesso.

Já o ministro quer deixar evidente o protagonismo pessoal em caso de sucesso. Passou por cima da autoridade do governador e mandou alguém procurar o secretário de Planejamento para criar uma PPP para construção do acesso Sul ao Aeroporto e rebateu a fala do governador sobre a atuação do genro de Eunício na ANAC.

Também confrontou a visão do governador sobre a possibilidade de decisão motivada por ingerência política.

Traduzindo
Robinson quer faturar sozinho em caso de sucesso e distribuir nacos de responsabilidade com a classe política em caso de insucesso. Dizer que fez tudo que podia e que o RN só perderá o hub por ingerência política é exatamente isso.

Henrique que não nasceu ontem, já sentiu o "cheiro de queimado" e não perde oportunidade de falar da construção dos acessos (responsabilidade direta do governo). 

A ideia da PPP é exatamente isso: se o governo Robinson "engolir", então o ministro terá marcado seu gol de placa e poderá mostrar que o hub só não foi perdido por que tomou a iniciativa. Se o governo não topar e o estado perder o hub por falta dos acessos, mesmo assim, o ministro terá feito seu gol e não hesitará em apontar o erro do governador em não aceitar sua ideia de formalizar uma PPP.

Creio que Robinson percebeu o nó em que se meteu e, como último recurso, lançou a proposta de tentar pressionar a presidência da Petrobras para oferecer um preço diferenciado do querosene de aviação para o RN.

É pouco provável que a Petrobras se posicione de tal forma, praticamente, resolvendo a disputa em favor do RN. Pernambucanos e cearenses não aceitariam.

Outro ângulo
Quem acompanha este blog sabe de minha posição: não acredito que a  decisão seja predominantemente técnica. Ao contrário. Considero que os benefícios econômicos oferecidos a empresa e a influência política têm mais relevância do que as questões técnicas. Ou seja, minha visão se aproxima do que foi verbalizado pelo governador. 

O que eu escrevo não tem influência nenhuma, já as palavras do governador têm enorme peso e acredito que os dirigentes da empresa não vão se sentir lisonjeados com o que foi atribuído ao governador potiguar.

Ao lançar dúvidas sobre o comportamento do genro de Eunício que foi indicado para a diretoria da ANAC também se coloca em dúvida a atuação do diretor da empresa.

Não duvido que a direção da empresa se posicione, firmemente, sobre a possibilidade de que poderia decidir a partir de ingerência política ou de outros fatores que não sejam os técnicos.

O senador Eunício e o seu genro também podem ficar "ofendidos" com o que foi atribuído ao governador potiguar.

Creio que isso ainda vai render.

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