sábado, 7 de novembro de 2015

mi mi mi do hub seguirá por 2016. latam decidirá quando fizer 'barba, cabelo e bigode'

Nadjara Martins
Repórter

O grupo Latam adiou para o primeiro semestre de 2016 o anúncio sobre a capital que sediará o hub do grupo no Nordeste. Em comunicado oficial divulgado no final da tarde de ontem (6), a holding frisou que a decisão se deve ao prazo de desenvolvimento da “infraestrutura aeroportuária” das três capitais. Porém, especialista em logística e representantes governamentais do Rio Grande do Norte avaliam que a decisão também teria aspecto econômico: segundo balancete divulgado em agosto, o grupo acumulou um prejuízo líquido de US$ 49,7 milhões no segundo trimestre do ano. Em resposta à TRIBUNA, a Latam negou que o aspecto financeiro tenha pesado na decisão.

Inicialmente, a decisão sobre o a sede do investimento, disputado por Fortaleza, Natal e Recife, seria anunciada em dezembro deste ano. As operações do hub estavam previstas para dezembro de 2016. Na última reunião realizada com os estados, em 17 de outubro, a companhia apresentou o resultado da análise sobre a infraestrutura aeroportuária das candidatas, apontando adequações nos três casos. 

Para o Aeroporto Internacional Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, as adequações incluíam aumento em 120% da área do terminal de passageiros, ampliação das pontes de embarque e áreas de estacionamento remoto e finalização dos acessos ao terminal. 


Nos casos de Recife e Fortaleza, envolviam a construção de um novo terminal, a ampliação da pista e o desenvolvimento de soluções de backup, como pistas auxiliares. Todas as adequações tinham em vista a plenitude das operações do hub, em 2038.

Adaptações
No comunicado oficial, a Latam afirma que “os aeroportos das três capitais envolvidas no processo (Fortaleza, Natal e Recife)  estão discutindo adaptações técnicas para sediar o hub. O encaminhamento dessas discussões dependerá de um conjunto de avaliações, que envolverá várias esferas governamentais e concessionários, para o aprofundamento dos requisitos que foram apresentados nos estudos técnicos realizados pelas consultorias Arup e Oxford Economics para a implementação de um hub no Nordeste”. 


Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE na última quinta-feira, o superintendente do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (ASGA), Ibernon Martins, afirmou que as adequações necessárias ao terminal estavam sendo negociadas diretamente entre o Consórcio Inframérica e a TAM Linhas Aéreas, mas que não teriam caráter imediato. 

No comunicado, a presidente da companhia aérea, Claudia Sender não estabeleceu nova data para o anúncio, mas assegurou que o investimento permanece nas intenções do grupo. “Seguimos confiantes no desenvolvimento do projeto, que trará grandes benefícios para o país e toda a região Nordeste”, pontuou.

Para o secretário estadual de Turismo, Ruy Gaspar, a decisão já era esperada. “Esta é uma decisão muito complexa [para a Latam], há vários fatores que pesam, e a gente já achava que era pouco tempo para a decisão. Até porque para começar a operação tem que fazer solicitação à Anac [Agência Nacional de Aviação Civil], colocar à venda”, comentou. 

Para o secretário, o cenário econômico também pesou. Gaspar acredita que o adiamento também pode ajudar as concorrentes de Natal a corrigirem as deficiências. Fortaleza, por exemplo, pode dar celeridade a concessão do aeroporto à iniciativa privada. “Não vou dizer que não ajuda, no fundo é um pouco benéfico. Mas também não acredito que elas consigam resolver a situação com rapidez”, avaliou.

O HUB Entenda o que a Latam quer implantar e vantagens:

O que é o projeto: A Latam quer transformar um aeroporto do Nordeste em um centro de conexão (hub) de vôos, recebendo voos nacionais e internacionais. A proposta também é montar uma oficina para recuperação de aeronaves.

Quem disputa: 3 capitais disputam o posto de hub Nordeste (Natal – Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, Recife e Fortaleza).

R$ 3,9 bilhões é o investimento previsto pela TAM

Os critérios para a definição da cidade são: localização geográfica, infraestrutura aeroportuária e seu potencial de desenvolvimento, e ainda, que ofereça uma melhor experiência ao cliente. 


Além do tais critérios, acrescento: custos operacionais competitivos, desonerações e incentivos fiscais de toda ordem, linha de financiamento oficial e influência política.

Infraestrutura aeroportuária
Além dos parâmetros operacionais típicos de um terminal, como nível de serviço, tempos de processamento por subsistema do aeroporto (como aparelhos de raios-x, esteiras de bagagens e outros), tempos mínimos de conexão, área de embarque suficiente para volume de passageiros em hora-pico, entre outros, a Latam utiliza os seguintes requisitos de planejamento para o dimensionamento do hub:
 
1)  Banco de conexão: Simultaneidade de múltiplas chegadas seguidas de múltiplas partidas que permitam a conectividade entre destinos, em um período de aproximadamente 6 horas;

2) Capacidade de pátio: Máximo de 36 Aeronaves de diferentes portes (Narrow-Body e Wide-Body) estacionadas simultaneamente e com a grande maioria conectada em pontes de embarque;

3)  Processamento de Passageiros: Hub com alto percentual de passageiros em conexões na hora-pico (até 80% do volume estimado de passageiros nesse horário de concentração).

O que mudaria com o hub: 
3 vôos internacionais seriam criados logo após o anúncio
13 novos destinos internacionais nos próximos três anos
18 voos domésticos criados além dos que já existem
223 frequências de vôos semanais
R$ 1,5 milhão de passageiros/ano passariam pelo aeroporto com a consolidação do hub
8 mil a 12 mil empregos gerados direta e indiretamente


Fontes: Latam e arquivo TN

Adiamento frustra, diz secretário de PernambucoPara o secretário de Turismo de Pernambuco, Felipe Carretas, o adiamento do anúncio sobre a sede do hub causou uma “frustração”, principalmente na população dos estados. “Não estávamos esperando, recebemos a notícia de anunciar. Foi criada uma expectativa na população pernambucana, potiguar e cearenses, esse clima de disputa sadia, e eles disseram que tomariam a decisão até dezembro. Isso [o adiamento] gera uma frustração, principalmente na população dos estados. Continua o clima de expectativa, e o Governo de Pernambuco continua com o compromisso”, afirmou, em entrevista por telefone.

O Aeroporto Internacional Gilberto Freire (Guarapes), em Recife, precisaria construir um novo terminal com 4,2 milhões de m² para comportar o hub, segundo o relatório da consultoria Arup, divulgado em outubro. Pernambuco estuda construir o novo terminal em uma área ocupada, atualmente, pela Aeronáutica. De acordo com Carreras, a cessão da área já foi confirmada. “Já está tudo resolvido, há uma sinalização para liberação da base aérea e já está formalizado. Pactuado que o hub viria, teríamos um cronograma de execuções. Mas isso exigirá uma decisão  [por parte da Latam]”, afirmou. Para ele, “nenhum estado tem condição de receber o investimento como está; logo, ela terá que confirmar em algum.”

Em nota, o Governo do Ceará afirmou que “continuará trabalhando para que o Ceará receba este centro de conexões, importante para o desenvolvimento turístico e econômico de todo o Nordeste.”


TRIBUNA DO NORTE

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