O Rio Grande do Norte registrou no ano passado o primeiro surto da Doença de Chagas na história do estado. Em outubro de 2015, foram notificados 21 casos da enfermidade em quatro cidades da região Oeste potiguar - Alexandria, Pilões, Tenente Ananias e Marcelino Vieira. A transmissão da doença para o grupo pode ter sido feita através do consumo de caldo de cana.
De acordo com dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), dos 21 casos suspeitos notificados, 14 foram confirmadas, sendo 11 por critério laboratorial e três por exame clínico. Outras sete seguem sendo analisadas pela Fundação Ezequiel Dias, em Minas Gerais.
Segundo Gilmar Cordeiro, responsável pelo setor de investigação da Doença de Chagas, a descoberta do surto aconteceu por acaso. Ele conta que o foco da equipe, a princípio, era investigar casos referentes à malária na região. Todavia, em face do alto índice de registros do mal de Chagas nas cidades, a investigação foi desviada.
“Acabamos nos deparando com um quadro alarmante”, disse Gilmar.
A principal suspeita é de que as pessoas contraíram a doença após fazer a ingestão de caldo de cana contaminado, vendido em uma fazenda localizada entre os municípios que apresentaram os registros da enfermidade. A suspeita é de que o caldo foi infectado com fezes do barbeiro, vetor da doença.
Todas os diagnosticados consumiram a bebida contaminada. O relato leva a crê que a contaminação tenha acontecido por via oral. “As pessoas distribuíram esse caldo entre amigos e familiares e acabaram espalhando a doença para o grupo de 21 pessoas que apresentaram sintomas do mal de Chagas”, informou.
Porém, essa suposição ainda não foi confirmada oficialmente. A Sesap aguarda o término das investigações para determinar o que causou a proliferação da doença infecciosa.
Ainda não há a previsão de quando as investigações serão concluídas. A Secretaria Estadual de Saúde aguarda relatório que será enviado nos próximos dias pela Fundação Ezequiel Dias sobre o caso. O grupo contaminado está sendo monitorado pela Sesap.
Apesar de afastar a possibilidade de uma maior proliferação da doença, a Sesap vem realizando diversas campanhas de conscientização na região Oeste potiguar. Estão sendo oferecidas palestras para a população e cursos preparatórios para enfermeiros e médicos sobre como tratar a Doença de Chagas.
A Sesap ainda informa que os consumidores de caldo de cana precisam estar atentos para a forma como armazenam e consomem o produto. Segundo a secretaria, é preciso fazer uma limpeza criteriosa da cana antes de processá-la para fazer o caldo.
Desde 2006, o Brasil recebeu um certificado internacional de interrupção da doença. Atualmente, a forma de transmissão mais comum do mal de Chagas se dá através da ingestão de alimentos contaminados com as fezes do parasita.
Surto foi isolado, diz Sesap
A Saúde estadual afastou a possibilidade do surto espalhar por outros municípios. De acordo com Gilmar Cordeiro, os casos de outubro aconteceram de maneira isolada. Ele afirmou que a região Oeste potiguar, com características climáticas favoráveis à proliferação do barbeiro, responsável pela transmissão do protozoário Trypanosoma cruzi.
Desse modo, as demais regiões do estado, por hora, estão livres da doença. Mesmo nas áreas onde há o plantio de cana-de-açúcar, como a região metropolitana de Natal, litoral sul e parte do agreste, a probabilidade de contaminação por meio da Doença de Chagas é mínima. Todavia, casos isolados podem acontecer em função do inseto está presente no estado. “Como há um deslocamento de pessoas pelo estado, é possível que quem more fora da zona mais propensa à proliferação do barbeiro também contraia a doença”, explica.
Ainda assim, a venda de caldo de cana e o consumo direto da cana-de-açúcar devem seguir os critérios de higienização indicados pela Sesap. Outros produtos feitos com a cana, como rapadura, mel e melaço, estão livres da doença uma vez que são levados ao forno durante suas respectivas produções.
Os principais sintomas da Doença de Chagas são febre e dores no corpo. Se não for tratada, a enfermidade pode causar insuficiência cardíaca congestiva e levar à morte.
NOVO JORNAL
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A região Oeste tem elevada incidência do barbeiro. O inseto é muito comum, inclusive nas zonas urbanas. Isso não é desconhecido para pesquisadores.
Em 2012, pesquisadores fizeram um levantamento em Caraúbas e foi constatada uma elevada incidência de pessoas com a Doença de Chagas. A pesquisa foi realizada em mais alguns municípios da região Oeste e os resultados também foram acima da média (mais AQUI / AQUI).
Nada mais foi feito, apesar do alerta dos pesquisadores.
A presença do inseto é tão comum que quem procurar, muito provavelmente, vai encontrar dentro de casa ou nos arredores do imóvel.
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