quarta-feira, 16 de agosto de 2017

A DELAÇÃO DE RITA DAS MERCÊS E O SILÊNCIO DOS INOCENTES...

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A 'operação dama de espada' nunca despertou muito interesse dos meios de comunicação do RN, nem cobranças de explicações por parte da oposição, entidades da sociedade civil organizada, etc.

Comportamento que se torna cada vez compreensível, especialmente dos meios de comunicação que dependem de publicidade oficial e dos políticos que temem o próprio rabo aparecer no curso da investigação...

Nos bastidores o temor é grande, pois dizem que 'Ritinha' é uma espécie de arquivo vivo das últimas três décadas da cena política potiguar e das imbricações que os políticos potiguares sempre mantiveram com o judiciário, grandes empresários, etc... Caso tenha falado metade do que sabe 'figuras' poderosas do RN não terão sono por muito tempo.

A seguir a matéria do G1-RN e alguns comentários em azul.

Leia:

A ex-procuradora-geral da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, Rita das Mercês Reinaldo, afirmou ao Ministério Público Federal que o governador Robinson Faria (PSD) embolsou cerca de R$ 100 mil por mês, entre 2006 e 2010, através da contratação de servidores fantasmas na AL. A denúncia foi feita em acordo de delação premiada com o MPF.

Creio que Rita não falou apenas do período 2006-2010. Tal recorte deve ser em virtude da citação do nome do atual governador que tem foro no STJ. Rita deve ter 'piado' sobre muito mais, até porque o nome de Ricardo Motta já foi citado.
Outro ponto que merece lembrança é que as notícias sobre inclusão de 'fantasmas' em folhas de pagamento são antigas, por exemplo, Fernando Freire era apontado como beneficiário de esquema similar.
A 'bufunfa' que Robinson teria recebido, conforme 'Ritinha', aproxima-se de R$ 5 milhões no período. Somente Robinson. Imaginem o tamanho do rombo de um negócio desse?

As informações constam na decisão do ministro Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a qual teve acesso a repórter Camila Bomfim, da TV GloboO ministro expediu mandatos de busca e apreensão contra o governador e a prisão temporária de dois servidores públicos ligados a Robinson, dentro da operação Anteros, deflagrada na terça-feira (15).

A prisão de auxiliares ligados ao governador suscita a hipótese de que a prisão de Robinson tenha sido considerada e/ou pedida, inclusive porque se afirma que ocorreu uma 'operação controlada' da Polícia Federal para flagrar o pagamento de uma 'mesada' de R$ 5 mil pelo silêncio de 'Ritinha'.


Em nota, o governador Robinson Faria nega veementemente a prática de qualquer irregularidade durante seu mandato de deputado estadual, encerrado em 2010, e reforça que sempre esteve à disposição para prestar qualquer esclarecimento.

A negativa é o que se pode declarar, mas a situação é muito delicada e mais do que negar a intenção é demonstrar que se coloca à disposição do Judiciário.

Ainda de acordo com o documento, Robinson Faria tentou comprar o silêncio de Rita das Mercês por meio dos assessores Magaly Cristina da Silva e Adelson Freitas dos Reis, presos nesta terça. Em junho de 2017, eles procuraram a filha de ex-procuradora e a própria Rita das Mercês, a quem ofereceram 'ajuda' financeira para pagar dívidas de condomínio dela.

Caso tal 'oferta' tenha sido documenta pela PF a situação de Robinson se torna insustentável. E vale lembrar que o mais importante numa delação é a comprovação que o delator apresenta... 'Ritinha' para se livrar de uma longa jornada na cadeia terá que deixar muitos 'amiguinhos' com a bundinha no relento.

A defesa de Magaly Cristina da Silva disse que vai provar a inocência da servidora na Justiça. O G1 não conseguiu o contato com a defesa de Adelson Freitas.

Desvios na AL

Robinson começou a presidir a Assembleia em 2003. De acordo com a delatora, a partir de 2006 ele passou a determinar a inclusão, na folha de pagamento, de pessoas que "não exerciam quaisquer funções no órgão, com o único objetivo de desviar recursos públicos oriundos de suas remunerações em favor do presidente e de outras pessoas".

Além de Robinson muitas 'outras pessoas' estão ansiosas com a possibilidade de receberem visitas de federais ao amanhecer. Alguns apostam que não demorarão muito.

Rita afirmou que inicialmente foram nomeadas pessoas para cargos em comissão que existiam na estrutura do Legislativo, mas que não exerciam nenhuma atividade. O pagamento era feito com propositadamente por meio de cheques-salário que eram descontados pelo envolvidos no esquema dentro de uma agência na própria Assembleia e eram repassados ao governador através de assessores dele.

Tais pagamentos já tinham sido utilizados no esquema dos 'gafanhotos', mas NINGUÉM se deu conta que algo de errado poderia se repetir com tal forma absurda. É lamentável que o controle interno não tenha emitido nenhum alerta e, mais ainda, é estarrecedor que o controle externo não tenha 'percebido' tais procedimentos.
No RN vale a máxima de que o poderoso de plantão pode tudo.

Segundo a delatora, quando não havia mais cargos disponíveis na AL, o então presidente mandou que fossem incluídas pessoas na folha para recebimento de gratificações. Quando esse tipo de nomeação também se esgotou, uma novo formato o grupo encontrou outra solução para continuar os desvios.

Como isso foi possível? Somente considerando plausível um 'tô nem aí' geral. O entulhamento na folha de pagamento da Assembleia é a veia exposta do apadrinhamento no RN e ampla o suficiente para atender 'gregos e troianos'. O silêncio ensurdecedor sobre o assunto é a prova mais cabal de que nada foi surpresa.

"A terceira modalidade de desvio surgiu em razão da inexistência de cargos comissionados livres e da extrapolação do número de gratificações passíveis de serem concedidas. Diante deste cenário, de acordo com Rita das Mercês, Robinson Faria determinou a arregimentação de pessoas e a simples inclusão na folha de pagamento, sem que fossem nomeadas para algum cargo ou mesmo designados para o recebimento de gratificação", diz o documento.

As investigações contra o governador Robinson Faria surgiram a partir da Operação Dama de Espadas, do Ministério Público Estadual, que apurava a existência de servidores fantasmas na ALRN. O filho de Rita das Mercês, Gutson Reinaldo, foi o primeiro a fechar acordo de delação premiada. Como ele citou o governador Robinson Faria, que tem foro privilegiado, o caso chegou ao Superior Tribunal de Justiça. 

Um dos principais alvos da operação, a ex-procuradora procurou diretamente o MPF para propor a delação. Outro filho dela, Gustavo Villarroel, também fechou acordo.

A defesa de Rita das Mercês e do filho dela, Gustavo Villarroel, disse que tudo vai ser esclarecido com a Justiça e os órgão de investigação.

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