De acordo com o G1RN, Maurício Tranquilino Gomes (foto abaixo), de 36 anos foi preso após ter furtado uma motocicleta. A matéria informa que Maurício estaria doente.
Imaginem um corrupto de grosso calibre, doente, de terno e gravata algemado num pedal de bicicleta no chão sujo de alguma Delegacia potiguar... Imaginou?
Nem com muita imaginação, não é?
Corruptos e Maurícios sempre terão tratamentos diferenciados... Roubar muito leva a impunidade, roubar pouco leva a sarjeta.
Pensei bastante em não reproduzir a foto, pois Maurício deveria está num leito de Hospital, com a devida escolta, mas a exposição da humilhação de Maurício ilustra perfeitamente como funciona o sistema.
A condição degradante e desumana nem é objeto de análise na 'reportagem', trata-se da superlotação das Delegacias, dos riscos (verdadeiros e cada vez mais elevados) envolvidos para os policiais, afinal, Maurício não é visto como um ser humano, mas um bandido pobre... Um estorvo que nem tem onde ser encarcerado e, para muitos, estaria até mais apresentável dentro de um caixão.
Quero deixar evidente que não estou menosprezando os delitos cometidos por Maurício, nem tentando vitimizá-lo. Tem pagar por tudo que cometeu, mas tem que ser tratado da mesma forma que se trataria um corrupto rico.
Julgamento e cadeia, tratamento idêntico, sem privilégios e regalias para os que têm dinheiro e sem humilhação e tratamento desumano para os pobres.
A Operação Dama de Espadas resultou na prisão da procuradora geral da Assembleia Legislativa e outros corruptos. Antes de completar 72 horas já estavam soltos para responderem por suspeitas de desviarem cerca de R$ 20 milhões dos cofres públicos. Maurício furtou uma motocicleta e foi parar na sarjeta. Quem faz mais mal para a sociedade? Porque merecem tratamentos tão desiguais?
Para muitos algemar a procuradora ou colocá-la num camburão já seriam 'abominações' para 'os Maurícios' nem se cogita levar ao médico.
Recentemente escrevi o seguinte: A maior desigualdade existente entre os brasileiros é a aplicação da Lei, enquanto os mais pobres são presos por quaisquer suspeitas e ficam mofando em celas apinhadas de gente, por anos até, sem merecer maior atenção, tem-se, no outro extremo, os bandidos do colarinho branco que nem algemados podem ser. (Leia a postagem: A Lei, os privilegiados e o povo)
Foto G1RN
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